Um dos protestos contra a prática de abortos que mais enfurece os donos das clínicas que praticam a interrupção das gravidezes é a oração. E uma cristã que se dedica a orar silenciosamente contra os procedimentos – e já foi presa duas vezes – agora foi novamente multada pela Polícia.
Isabel Vaughan-Spruce foi multada em Birmingham, Inglaterra, no dia 18 de outubro, por orar silenciosamente, sem gestos e parada próximo a uma clínica de abortos. O caso levou a população do Reino Unido a questionar as prioridades da Polícia local, uma vez que a cristã já havia sido inocentada duas outras vezes após ser detida em casos anteriores.
Por conta dos protestos contra os abortos, foi criado um perímetro de 150 metros em volta das clínicas da Inglaterra chamada de “zona tampão”. Nesse espaço, a legislação proíbe a oração, a oferta de informações ou assistência às mães grávidas ou qualquer “expressão de aprovação ou desaprovação do aborto”.
De acordo com a Alliance Defending Freedom (ADF UK), que oferece suporte jurídico a Isabel, a policial que a abordou perguntou se ela estava orando silenciosamente por “crianças em gestação” e se ela era membro de uma organização pró-vida ou apoiadora de abortos.
Sobre o caso, Isabel fez um breve comentário defendendo a liberdade religiosa: “O governo do Reino Unido precisa urgentemente esclarecer que pensamentos silenciosos nunca podem ser ilegais – mesmo que esses pensamentos estejam em desacordo com as opiniões do Estado”,
“Esta é a terceira vez que sou tratada como uma criminosa por orar de forma pacífica, silenciosa e imperceptível por mulheres que provavelmente estão enfrentando um dos piores dias de suas vidas. O regulamento da zona tampão já procurou impedir que eu e outras pessoas aconselhássemos mulheres que precisavam desesperadamente de ajuda. E agora, as autoridades estão a tentar impedir-me até de orar por estas mulheres”, desabafou.
Para ela, o grau de interferência do Estado na vida dos cidadãos pode ser comparado à ficção científica do livro 1984, de George Orwell: “Multar alguém simplesmente pelos seus pensamentos é grosseiramente orwelliano e um insulto às liberdades que a Grã-Bretanha pretende proteger”.
Segundo informações do portal Christian Today, dias antes da multa a Isabel, outro cristão, Patrick Parkes, foi avisado por policiais no mesmo local que seria multado se continuasse a orar silenciosamente, e um terceiro indivíduo recebeu uma advertência por filmar o incidente.
A ADF UK questionou as prioridades da polícia depois de ter sido relatado em agosto que Birmingham está enfrentando um aumento dos crimes à mão armada em 86%.
A cidade está em crise, e em setembro o Conselho de Birmingham, equivalente às Câmaras Municipais no Brasil, declarou-se falido, o que impede que pessoas que orem silenciosamente nas chamadas zonas tampão seja processadas, já que essa seria uma atribuição do Conselho.