O discurso feminista tenta, pela voz de muitos militantes, definir o homem como dispensável, no entanto, como ensinou Isaac Newton, toda ação causa reação, e a resposta a esse tipo de raciocínio surge entre as próprias mulheres, como ex-modelo e apresentadora Andressa Urach, que afirmou recentemente que a mulher “nasceu para servir”.
Desde que se converteu na Igreja Universal do Reino de Deus, Andressa Urach se tornou o oposto do que era, narrando em livro autobiográfico os excessos que cometeu em busca da fama. Agora, pregando ideais conservadores em todas as oportunidades que tem, defende que a mulher valorize sua intimidade e a relação familiar.
No entanto, sua fala sobre o papel da mulher permite interpretações diversas, e como não poderia deixar de ser, causou furor nas redes sociais. A declaração sobre o assunto ocorreu em uma entrevista concedida à apresentadora Luciana Gimenez, da Rede TV!.
“A mulher nasceu para servir e dar carinho. Se o marido não gosta de algum comportamento ou roupa, por que eu não vou concordar com ele, se sei que ele quer o melhor para mim?”, afirmou, de forma simplista, pois há homens que cometem excessos por ciúmes, tornando a relação caótica.
Andressa Urach foi além, repetindo uma frase que é usada, em geral, para sintetizar um princípio que divide os papéis masculino e feminino em um casamento, e que – não raro – causa impressões de autoritarismo.
“Já o homem é o líder, a cabeça da relação. Com carinho e jeitinho, não precisamos impor nada, conseguimos tudo o que quisermos de um homem”, acrescentou Urach, abrindo espaço para mais confusão, já que esse princípio bíblico pressupõe uma série de coisas, incluindo a obrigatoriedade do homem fazer sua esposa sentir-se amada.
Papéis
Em maio deste ano, o pastor Paulo Mazoni pregou na Igreja Batista da Lagoinha (IBL) sobre os relacionamentos, e aprofundou esse princípio que é apresentado de forma equivocada, demonstrando que o papel da mulher e do homem vai muito além de apenas “servir” e “liderar”.
Mazoni observou que muitos casamentos se destroem porque a receita bíblica não é seguida: “A maior queixa dos homens é: ‘a minha mulher só reclama de mim’. As mulheres estão destruindo seus casamentos por causa das críticas aos maridos”, disse, ponderando que Deus fez o homem com a necessidade de ser admirado por sua esposa.
Por outro lado, Mazoni destacou que os homens devem ajudar suas esposas nas tarefas domésticas, como forma de mostrar na prática outro mandamento bíblico, presente em Efésios 5:22-33: “A mulher seja submissa ao marido, e que o marido deve amar sua mulher assim como Cristo amou a Igreja”.
Feminismo
O movimento feminista vem encontrando opositores contundentes no meio evangélico, e muitas vozes que se levantam contra essa filosofia que se apresenta como libertária, mas que muitas vezes prega o desprezo aos valores bíblicos, são femininas.
“Essa coisa de ser muito feminista, não dá”, disse Andressa Urach, recentemente, em entrevista ao jornal Extra. Sua opinião não é isolada, pois recentemente, a pastora Sarah Sheeva (filha de Baby do Brasil e ex-integrante do grupo pop SNZ) fez um manifesto contra o feminismo extremista, durante uma entrevista a Danilo Gentili, no SBT.
“O que nós estamos ganhando com isso hoje? O homem não abre mais a porta para a mulher, não dá mais passagem para a mulher”, observou, falando sobre efeitos colaterais do extremismo feminista.
Sheeva afirmou que há incoerência no movimento e apontou a bandeira do aborto como uma delas, já que ela abre mão de uma exclusividade da mulher: “O homem não pode engravidar no nosso lugar. Eu não quero direitos iguais, eu quero meu direito de ser tratada como a parte mais frágil, de trabalhar menos porque eu envelheço mais rápido”, frisou.
A professora de História Ana Caroline Campagnolo se tornou uma das principais vozes nacionais contra o feminismo justamente por conta do excesso, já que se tornou vítima de perseguição religiosa e tentativa de doutrinação da sua ex-orientadora no curso de Mestrado em História, da Universidade do Estado de Santa Catarina.
“Alguns dos meus colegas me denunciaram para a professora, porque eu tinha algumas fotos na internet, com a minha família e alguns versículos da Bíblia. A minha professora resolveu me mandar alguns e-mails, me questionando como eu ousava publicar nas redes sociais pensamentos assim tão ‘perigosos’”, relatou.
Mais recentemente, a coordenadora nacional do movimento pró-mulher, Marisa Lobo, afirmou que é preciso tomar cuidado com essa “armadilha”, pois “o feminismo é mestre em falácias e manipulação da retórica e linguagem”.
“Estão enganando muitas mulheres que não se dispõem a conhecer as raizes históricas de um movimento que diz representar a mulher quando na verdade, defende apenas um gênero cultural“, ponderou.
O pastor Renato Vargens, escritor e palestrante, frisou que tem notado que, como reação ao feminismo, muitas mulheres cristãs têm buscado ampliar seus conhecimentos sobre Bíblia, e entender o que a Palavra de Deus diz sobre a mulher e, em especial, sobre seu papel na Igreja e no casamento.
“Nas igrejas, por exemplo, que tenho pregado, como em lugares distintos que tenho aplicado palestras e aulas, tenho encontrado muitas moças ávidas por teologia, desejosas em crescer no conhecimento do Senhor”, afirmou Vargens. “Tornou-se comum também encontrar mulheres com uma visão bíblica e saudável sobre o papel feminino na família, igreja e sociedade, Soma-se a isso, o entendimento por parte destas mulheres do complementarismo, dos malefícios do feminismo, como o também do marxismo cultural”, concluiu.