A Igreja Anglicana na Inglaterra pode estar à beira de uma crise que porá, frente a frente, as linhas conservadoras e progressitas. Esta última, representada na figura do atual arcebispo de Canterbury, Justin Welby, flexível quanto à homossexualidade e o casamento gay.
A liderança da ala conservadora confirmou, recentemente, que está considerando plantar um novo bispo no Reino Unido, para abordar a “deriva da Igreja da Inglaterra do cristianismo bíblico ortodoxo”.
Os bispos primazes têm um encontro essa semana em Lagos, na Nigéria, onde debaterão se é hora de desafiar o arcebispo Justin Welby. O gesto de desafio seria a recusa ao convite feito pelo arcebispo para uma reunião de todos os líderes anglicanos ao redor do mundo em outubro.
O movimento transcende os bispos britânicos, de acordo com informações do portal The Christian Post. Anglicanos da África e da Ásia engrossam as fileiras conservadoras que enxergam falhas na postura de Welby em relação à doutrina. Alguns consideram que ele “traiu” a denominação ao não agir de forma veemente contra congregações nos Estados Unidos, que se inclinaram à homossexualidade.
“Os líderes rebeldes já estão considerando intervir sobre o que eles vêem como o desvio liberal. O plano de plantar seu próprio arcebispo para supervisionar as paróquias conservadoras estaria em desafio direto à autoridade e hierarquia do episcopado de Canterbury”, informou o portal Daily Mail .
Esse gesto é uma reação à declaração dos arcebispos de Canterbury e York, que afirmaram ser necessário uma “inclusão cristã radical, nova” para os casais homossexuais. Os conservadores já haviam tentado frear a guinada progressista da denominação em agosto passado, com um documento que foi rejeitado pelo sínodo geral da Igreja.
“Os primazes da denominação reconhecem a existência na Inglaterra, na Escócia e no País de Gales, de fiéis anglicanos que já estão distanciados das suas estruturas locais por causa do ensino e da prática revisionistas na liderança da Igreja da Inglaterra e estão prontos para prestar assistência. Uma opção é consagrar um bispo missionário para dar supervisão, se necessário”, afirmaram os conservadores, em nota.
“Que os primazes estão considerando consagrar um bispo com responsabilidade especial para estas ilhas não é um segredo e não deve ser uma surpresa… Muitos dos principais líderes anglicanos do mundo, incluindo os arcebispos que lideram o movimento GAFCON, têm-se preocupado durante algum tempo com a deriva da Igreja da Inglaterra do cristianismo ortodoxo e bíblico”, acrescentaram.
De preocupação ainda maior para o corpo conservador é a Igreja Episcopal Escocesa (SEC), outro ramo da Comunhão Anglicana mundial, que parece pronta para aprovar o casamento gay em junho. Se o movimento for adiante, os conservadores poderiam olhar para uma planta similar na Escócia, criando assim, mais uma divisão.
“A situação no Reino Unido não é uniforme. Dentro da Inglaterra existe uma preocupante ambiguidade da diocese para a diocese em seus ensinamentos e práticas pastorais no que se refere à sexualidade humana e à ordem bíblica da igreja”, afirmou um porta-voz da Igreja da Inglaterra.
“No entanto, a situação na Igreja Episcopal escocesa é de preocupação imediata. Houve uma clara rejeição da verdade bíblica pela Igreja Episcopal Escocesa, e eles devem finalizar esta rejeição do ensino anglicano e da ordem apostólica na próxima reunião de junho de seu Sínodo”, acrescentou.
“Estruturas e supervisão alternativas terão de ser implementadas caso essa realidade infeliz aconteça. Na reunião desta semana, os Primazes de GAFCON estarão considerando uma gama de opções de como cuidar daqueles que permanecem fiéis ao ensinamento de Jesus sobre o casamento”, concluiu.