A experiência religiosa é algo muito íntimo e pertence às escolhas de cada ser humano. Apesar de muitos serem criados em determinada religião, alguns decidem seguir outros caminhos, buscando compreender o mundo espiritual através de doutrinas diversas.
Esse foi o caso de Valesca Zschornack, de 45 anos. Ela nasceu em um lar católico, mas disse que já na adolescência decidiu sair em busca de “uma paz espiritual” que lhe preenchesse. “A primeira religião que conheci foi o kardecismo”, disse ela.
“Fiquei lá alguns anos, até conhecer a Umbanda, com a qual me identifiquei muito. Passei 16 anos nela, frequentando os terreiros e até recebendo entidade. Depois, de novo, me veio a necessidade de procurar uma paz religiosa”, acrescenta.
O que Valesca chama de “paz religiosa”, ao que parece, talvez signifique algo diferente do que compreendemos como vida espiritual e religião instituída. Um pensamento atribuído ao teólogo e missionário metodista americano, Eli Stanley Jones, traduz bem essa diferença:
“Religião é a busca do homem por Deus. Por isso há muitas religiões. Mas o evangelho é Deus buscando o homem, por isso só há um evangelho”.
Uma traição e o afastamento da igreja evangélica
Valesca disse que encontrou a “paz religiosa” na igreja evangélica, mas algo acabou lhe afastando da religião:
“Estava tudo bem até que me divorciei. Ele me traiu e, naquele momento, comecei a questionar a religião, porque sei que a palavra de Deus não tem nada a ver com a atitude que ele teve”, disse ela, segundo a Universa, do UOL.
Apesar de saber diferenciar os erros humanos dos ensinamentos bíblicos, Valesca disse que a traição lhe decepcionou tanto que ela acabou se afastando da igreja para ficar “pesquisando outras linhas de crenças que tivessem mais a ver” com ela.
Após ver um amigo muçulmano orando, ela achou bonito e ficou curiosa com a religião. “Muita coisa me atraiu, mas também li muito sobre o papel da mulher e até a violência contra nós”, disse ela, explicando que entendeu isso como algo de interpretação doutrinária, e que por isso não se preocupou mais.
O que também chamou atenção de Valesca, aparentemente, foi a facilidade religiosa. “Eu vinha de religiões com muitos rituais e queria algo mais simples, que não tivesse que ficar justificando minha vida para padre, pastor ou irmão de igreja”, alegou.
“Quantas vezes eu não tive de ir para igreja sem vontade? Como muçulmana, eu faria as cinco orações diárias em casa e poderia ir à mesquita só quando quisesse. Não tem obrigação de bater ponto lá, e isso me pareceu muito interessante”, explica.
“Nada mudou na minha vida”, diz ex-evangélica
Uma curiosidade no relato de Valesca sobre suas experiências religiosas é que mesmo estando em sua religião atual, o islamismo, tendo se convertido oficialmente em um ritual na mesquita, ela disse que “desde então, praticamente nada mudou na minha vida”.
“Só mesmo comecei a usar o hijab, que acho lindo. Inclusive, vi vários vídeos no Youtube, para aprender formas de vestir com estilo”, disse ela, destacando que o seu foco agora é “…sair do Brasil, passear em lugares que sonho conhecer, porque já deixei de fazer muita coisa quando era casada”.