Além de acalmar e perfumar, ele é utilizado em muitas religiões para agradar os deuses.
Para várias culturas, o incenso é um elo com o sagrado. “A fumaça aponta para o mistério de Deus, ajuda a transcender”, diz Maria Ângela Vilhena, professora do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Como oferenda, possui duas funções: a de agradar e homenagear os deuses e a de fazer os pedidos chegarem mais rápido até eles.
Segundo o livro Incenso – Preparo, Uso e Significado Ritual (ed. Hemus), “povos primitivos estabeleciam contato com o divino através da fumaça oriunda da queima de ervas e madeiras aromáticas que se elevavam até os céus.”
A civilização egípcia foi a primeira a registrar seu emprego com a intenção de afugentar os maus espíritos e homenagear seus deuses.
Mais adiante, na Bíblia, o incenso aparece como um dos presentes levados pelos três reis magos a Jesus. “Assim como o ouro, os perfumes e os incensos eram ofertados por serem caros e preciosos”, afirma Maria Ângela Vilhena.
Para levar os pedidos aos deuses
É na Índia que o incenso ganha a força e o contorno que, anos depois, veio a ser comercializado no Brasil: uma mistura de ervas e resinas em forma de vareta.
“Diz-se que o incenso surgiu na Índia, onde continua a ser feito artesanalmente”, afirma Norie Imayuki, pesquisadora e fabricante desse artigo.
Nos rituais hare krishna, a religião que difundiu o uso dos incensos por aqui, ele permanece no altar e é oferecido a Krishna (ou Vishnu).
“É uma representação do elemento ar e ajuda a estabelecer um vínculo com o supremo”, diz Gadhadara Das, monge do Templo Hare Krishna São Paulo.
Símbolo do desapego e da purificação
No budismo tibetano, o incenso é o símbolo da generosidade e do desprendimento. É um dos elementos que representam os prazeres sensoriais – no caso, o olfato.
A proposta é oferecê-lo para as deidades. Pois, dessa forma, a pessoa exercita o desapego dos prazeres sensoriais que é entregue como presente e se vai com a fumaça.
O incenso também deixa o ambiente agradável, livre de energias negativas. É capaz de tornar ainda mais forte um ritual do qual participam várias pessoas. “Todos ficam na mesma vibração”, diz Meeta Ravindra, especialista em cultura indiana.
Fonte: Abril.com