O estudante que ateou fogo a um exemplar da Bíblia Sagrada durante um encontro de ateus na Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco (AC), manifestou-se a respeito das críticas que vem recebendo após a repercussão de seu gesto.
Em seu perfil no Facebook, Roberto Oliveira se disse acuado e ameaçado por causa de sua manifestação, e acredita que poderá perder o emprego por causa da repercussão que o vídeo tomou.
“Hoje em dia pra você entrar no mercado de trabalho, algumas pessoas perguntam qual é a sua religião. É quase certo que serei afastado do meu trabalho pelo mesmo tipo de situação. Não fui eu que veiculei minha imagem na mídia. Não fiz isso frente às câmeras. O certo é que se me forem causados prejuízos maiores, e ainda não medi bem a verdadeira dimensão disso tudo, terei que mudar de posição”, disse, ignorando o fato de que haviam espectadores com smartphones à mão, filmando seu gesto.
Colocando-se em posição de vítima, Oliveira diz que a queima da Bíblia foi um “ato simbólico” que foi “transmutado em condenação”, mas se recusa a reconhecer que fiéis cristãos possam interpretar o ato como desrespeitoso: “Eu dei um alto e sonoro recado. Não quero e não preciso de sua religião. Não sei por que isso é tão revoltante”, questionou.
Defendendo-se, o rapaz disse que não é intolerante: “Quem me conhece sabe no que eu acredito, e sabe que não sou intolerante religioso. O problema todo se deu porque mexi em algo que é considerado tabu, ou seja, Deus é intocável. Não me arrependo de ter feito o que fiz. Se pudesse voltar atrás faria exatamente o mesmo. A repercussão negativa se deve em parte à mídia sensacionalista daqui de Rio Branco”, concluiu.
Quando a repercussão do “ato simbólico” se tornou nacional, um dos organizadores do encontro de ateus, Felipe Zanon, militante do PT, disse que autorizou a queima da Bíblia em nome da liberdade artística, e afirmou que repetiria o gesto em frente ao prédio da administração da UFAC caso o cancelamento dos eventos programados fosse mantido.
Em entrevista ao Uol, Zanon afirmou que agora também está sendo ameaçado: “Somos um Estado muito conservador e se você olhar o Face[book] do rapaz que queimou, verá que ele está sofrendo ameaças. Eu também estou”.
O pastor Marco Feliciano (PSC-SP) afirmou que entrou com uma representação contra os responsáveis: “É inacreditável que fato tão lamentável em si mesmo, tenha ocorrido em Próprio Público de uma Universidade Federal, com usos de cartazes com o logotipo de Partido dos Trabalhadores, pois, o organizador explica esse procedimento por ter tido o apoio desse partido político”, escreveu o deputado federal em sua página no Facebook.
Citando o gesto como desrespeitoso e criminoso, Feliciano lamentou que o espaço do saber tenha sido palco de um ato extremo: “Como pode um espaço cultural que é o de uma Universidade ser entregue a um boçal que faz tal afirmação se esquecendo que vilipendiar símbolo religioso é crime, portanto, se sua teoria fosse aplicada de forma analógica, um artista no palco poderia cometer qualquer tipo de crime em nome de uma absurda ilimitada liberdade artística”, ponderou o pastor.
Assista à queima do exemplar da Bíblia Sagrada. O vídeo contém palavras de baixo calão proferidas pelos estudantes: