A escolha de um argentino como novo papa causou uma enorme comoção em seu país, e também em outros países latino americanos, que viram com bons olhos a escolha cardeal Jorge Bergoglio para a liderança da Igreja Católica.
Porém, a escolha de Bergoglio desagradou os ativistas homossexuais da Argentina, que apontam o novo papa como o responsável por uma “guerra santa”, travada entre a igreja e lideranças políticas do país por causa da lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A Argentina foi o primeiro país da região a aprovar uma lei que permite o casamento gay, e durante o processo de aprovação da lei a Igreja Católica combateu diretamente a proposta. Na ocasião, o então arcebispo de Buenos Aires escreveu uma carta aberta à sociedade descrevendo o então projeto de lei como uma “situação cujo resultado pode ferir gravemente a família”.
– Aqui estão em jogo a identidade e a sobrevivência da família: pai, mãe e filhos. Está em jogo a vida de tantas crianças que serão discriminadas de antemão, privando-se do amadurecimento humano que Deus quis que se desse com um pai e uma mãe. Está em jogo o rechaço direto à lei de Deus, gravada, ademais, nos nossos corações. – escreveu Jorge Bergoglio.
Agora, a comunidade gay da Argentina lembra Bergoglio, agora papa Francisco, como o homem que lançou uma “guerra santa” contra o movimento para aprovar o casamento gay.
– Ele foi o rosto visível da oposição da Igreja Católica ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, e se aproximou de uma posição fundamentalista, travando uma guerra de contra o que ele considerava um plano do diabo – disse Esteban Paulon, presidente da Federação Argentina de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais, segundo o Huffington Post.
Apesar das críticas, os ativistas gays afirmam que Bergoglio é também “conhecido por ser moderado e encontrar um equilíbrio entre os setores reacionários e progressistas”, segundo afirmou Paulon, que completou: – Quando ele saiu fortemente contra o casamento gay, ele o fez sob a pressão dos conservadores.
Acreditando que o novo papa pode mudar a visão da igreja sobre o tema, Alex Freyre, diretor-executivo do Buenos Aires AIDS Foundation, escreveu em sua conta no Twitter esta semana que o papa Francis “sabe que o casamento gay não é o fim do mundo ou da espécie”, e afirmou que “agora ele pode dizer isso na América”.
– Talvez o fato de que o Vaticano tenha escolhido um papa de um país onde o casamento gay é permitido é um sinal de que ele recebe? – comentou em outro tweet.
Por Dan Martins, para o Gospel+