Uma cena de conflito entre adeptos de religiões afro-brasileiras e evangélicos em um cemitério tornou-se a mais nova fonte de polêmica sobre intolerância religiosa. Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra momentos de tensão entre dois grupos que disputam um espaço para a realização de uma celebração no local.
O desentendimento ocorreu no último dia 02 de novembro, feriado católico do Dia de Finados, no Cemitério de Maruí, Barreto, em Niterói (RJ). O vídeo mostra um grupo de pelo menos 30 evangélicos vestidos de amarelo, cantando “corinhos” pentecostais em reação às provocações feitas com danças e instrumentos por umbandistas e candomblecistas.
De acordo com informações do jornal O Dia, o grupo de adeptos das religiões afro seria formado por aproximadamente 15 pessoas. No vídeo, os evangélicos entoam canções com frases como “Jesus tem poder”, “o nome de Jesus é poderoso”, “o demônio sai” e “feitiçaria sai!”, e é possível ver que alguns dos integrantes dos dois grupos tentam dialogar sobre a ocupação do espaço.
“Foi uma situação humilhante. Nós estávamos ali num ato de louvor, em homenagem aos nossos antepassados, como sempre fazemos, quando essa turma, que se intitulou ser ‘evangélicos do arrastão de Jesus’, chegou aos berros, nos expulsando do lugar”, afirmou Magno da Conceição, de 30 anos, um dos adeptos de umbanda.
Segundo Conceição, o zelador Alan Silva, um dos pais de santos que participavam do ritual, tentou dialogar com os evangélicos, mas não chegou a um meio termo. Agora, o caso está sendo investigado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR). Integrantes das duas religiões programaram um protesto para esta quarta-feira, 07 de novembro, às 17h00, em frente à estação das Barcas de Niterói.
“Além de ser caso de polícia, o governo municipal também tem que tomar providências, já que se trata de um cemitério municipal. O que aconteceu foi muito grave. Os integrantes do grupo que aparecem no vídeo, têm que ser identificados para responderem por diversos tipos de crimes, desde vilipêndio religioso a constrangimento ilegal”, afirmou o babalaô Ivanir dos Santos, membro da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.
Assista ao vídeo com o conflito entre os dois grupos: