O reverendo presbiteriano Augustus Nicodemus Lopes publicou uma reflexão com críticas aos desigrejados.
O cristianismo surgiu nos dias seguintes à ressurreição de Jesus Cristo, e nas primeiras décadas e séculos, a Igreja primitiva viveu dias de intensa perseguição religiosa, mas perseverou e se solidificou.
Nesse contexto, o líder evangélico calvinista pontuou que o entendimento de que é melhor ser cristão sem fazer parte de uma igreja, mesmo que essa decisão seja resultado da insatisfação com escândalos, ignora pontos da mensagem do próprio Jesus Cristo.
Nicodemus construiu uma contextualização lembrando do sofrimento dos primeiros cristãos romanos, que viviam sob intensa perseguição: “As catacumbas de Roma são túneis extensos e espaçosos que foram escavados debaixo da cidade com a finalidade de servir de cemitério. […] Quando no final dos anos 60 o Império Romano começou a perseguir os cristãos e a proibir que eles se reunissem para adorar a Cristo, as catacumbas se tornaram o lugar preferido pelos discípulos de Jesus em Roma para se encontrarem e juntos cultuarem a Deus”, escreveu o pastor, em sua página no Facebook.
“Essa situação perdurou durante os primeiros quatro séculos depois de Cristo. Arriscando suas vidas, e enfrentando a escuridão e o mau cheiro das catacumbas, os cristãos de Roma se encontravam semanalmente nos túneis sombrios debaixo da cidade, para, à luz de tochas, serem instruídos pelos pastores e presbíteros nas Escrituras do Antigo Testamento e na doutrina dos apóstolos de Cristo, cantar salmos e hinos em louvor de Cristo, orarem juntos a Deus e celebrar a Ceia do Senhor”, acrescentou.
O pastor, então, observou que “os cristãos se arriscavam nas catacumbas porque estavam convencidos de que precisavam se congregar e se reunir regularmente com seus irmãos em Cristo”, pois o próprio Jesus deixou ensinamentos nesse sentido.
“O Senhor Jesus havia ensinado que estaria presente espiritualmente quando dois ou três se reunissem em nome dele (Mt 18.20). O Senhor também os ensinou a se reunirem para juntos comerem o pão e beber o cálice (Lc 22.17; 1Co 11.25-26 e 33). Os apóstolos haviam ensinado que eles deveriam se reunir para servir uns aos outros através dos dons espirituais (1Co 14.26). As catacumbas eram o único lugar em Roma onde tudo isso era possível”, disse.
Em sua admoestação, Nicodemus frisou que “não havia desigrejados entre os primeiros cristãos, mesmo na Roma do imperador Nero”, o que significa que todos os que haviam entregado suas vidas a Jesus se submetiam ao risco de serem pegos enquanto cultuavam a Deus nas catacumbas.
“Séculos mais tarde, quando o cristianismo foi legalizado (édito de Milão em 313 d.C. pelo imperador Constantino), os cristãos puderam sair das catacumbas e construíram os primeiros templos e catedrais onde podiam se congregar publicamente para, livremente, cultuar a Deus. Pessoas que se consideram cristãos e que deliberadamente se recusam a congregar-se com outros cristãos para cultuar a Deus, ser (sic) ensinados e instruídos na Palavra, num país onde existe liberdade de religião e milhares de lugares e oportunidades para tal, desonram e envergonham os primeiros cristãos”, lamentou.
“Se um dia no Brasil os cristãos forem proibidos como na Roma imperial de se reunirem, os desigrejados serão os únicos a não serem perseguidos”.