O Brasil atravessa uma crise política sem precedentes e as eleições 2018 serão uma oportunidade para que a população escolha candidatos que não estejam envolvidos com corrupção. No entanto, a Procuradoria-Geral Eleitoral teme que candidatos ligados a igrejas tenham vantagens, pois considera que as denominações têm sido usadas para fins eleitorais.
O vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, disse que a PGE tem “extrema preocupação” com a disputa das eleições no próximo ano. “Em linhas regrais é um fenômeno que tem se revelado muito frequente”, afirmou, fazendo referência às denúncias por abuso de poder religioso.
Informações publicadas pelo portal Uol apontam que existem dois tipos de fraudes mais frequentes associadas ao uso das igrejas como plataformas eleitorais: o uso dos dízimos e ofertas – com indução aos fiéis para doações com esse fim – na campanha; e o discurso de convencimento dos fiéis feito pelos líderes religiosos.
“Há situações que se observa a extrapolação da liberdade religiosa no sentido de transformá-la, de convertê-la em situações de constrangimento ou mesmo de pressão aos fiéis. Portanto essas situações podem se configurar nisso que tem se chamado de abuso de poder religioso”, explicou Dino.
“Há muitas vertentes religiosas que movimentam recursos financeiros de expressão e, quando isso se associa à manipulação da fé, acaba por assumir contorno de extrema preocupação na manipulação da vontade do eleitor”, acrescentou.
Um caso específico foi apontado como exemplo, já que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julgou que o mandato do prefeito de Nova Lima (MG), Cássio Magnani Júnior (PMDB) e sua vice, Maria de Fátima (PT), deveriam ser cassados por conta de abuso de poder religioso, já que haviam se beneficiado da outorga de dois terrenos à Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ), em 2012.
“O abuso de poder tem um caráter de ser um fenômeno com diversas formas de manifestação. Ele se configura na modalidade de abuso de poder econômico, político, cultural. E agora estamos encontrando situações em que há uma extrapolação da manipulação no exercício da atividade religiosa, algo que está previsto na Constituição, mas que acaba por se revelar em algumas situações como pressão, constrangimento à manipulação da fé”, concluiu Nicolao Dino.