O conservadorismo no Brasil vem crescendo como um movimento cultural apreciado por grande parcela da população. No que se refere a famílias, há muitas sugestões que se assemelham ao que a Bíblia prega, mas sem o compromisso com a Palavra. Nesse ponto, o pastor Yago Martins fez uma diferenciação entre família bíblica e família conservadora.
Em um vídeo compartilhado no Instagram, Yago enfatizou que o cristianismo produz uma postura conservadora, mas alguém formado ideologicamente conservador não dará frutos cristãos, necessariamente:
“A gente tem que qualificar direito: o modelo bíblico de família vai ser uma família conservadora, mas a família conservadora não é o modelo bíblico, porque por mais que eu acredite que o cristianismo será conservador, o conservadorismo não é cristianismo”, introduziu o pastor da Igreja Batista Maanaim.
“Muitas vezes, olhamos para famílias que tem toda aquela casca externa do que parece ser uma família bíblica: o cara tem oito filhos, a esposa fica em casa em tempo integral, ensina todos os filhos em homeschooling, o marido é o provedor único da família, a mulher fica fazendo pão para os filhos, e ensina… isso tudo parece muito bonito, e em alguns dos fatores relacionados a isso, é até bíblico. Agora, será que esta é a aplicação bíblica para todas as famílias?”, questionou, abordando a questão socioeconômica da realidade brasileira.
Segundo o pastor, é possível que livros que relatam a realidade em países desenvolvidos produzam um efeito indesejado nessa área: “A gente recebe alguns materiais traduzidos de outras culturas, e você pega um livro de feminilidade americano, e ele vai dizer ‘sempre que a mulher trabalha fora, ela está em busca do fútil; o marido é quem tem que trabalhar e ela ficar em casa’. O que acontece? Você traduz esse material para países mais pobres, e eu tenho na minha igreja mulheres que ganham um salário mínimo, com o marido que ganha um salário mínimo, com três filhos, que tem um pai idoso a ser sustentado e a mulher se sente menos mulher porque precisa trabalhar”.
Em um país pobre e prejudicado pela corrupção não se pode ignorar a luta pela sobrevivência como um inimigo de todas as famílias: “A mulher continua trabalhando porque senão todos morrerão de fome. Já lutam para não morrer de fome, trabalhando. Mas ela sente que é menos cristã, porque o que Deus espera dela é que ela consiga ficar dentro de casa cuidando de seus filhos. As realidades são diferentes, se impõem sobre todos nós”.
“Se a gente acredita que esses modelos que nos são dados – geralmente famílias muito prósperas – são o único modelo de família a ser vivido, a gente vai acabar fazendo um caminho inverso: uma família bíblica é uma família que tenta e busca certas coisas entendendo o que é o melhor”, defendeu.
“Uma família conservadora, uma família culturalmente cristã, nem sempre é a família que responde realmente às aplicações do que é o Evangelho. Existe um fundamento, que é o Evangelho, a Palavra de Deus. Esse fundamento se aplica às nossas vidas de formas diferentes. Eu não posso pegar essas aplicações e confundi-las com o próprio fundamento”, encerrou o pastor.
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