A Igreja Universal do Reino de Deus está investigando pastores que, mesmo exercendo cargo assalariado nos quadros da instituição, tenham se cadastrado para receber o auxílio emergencial disponibilizado pelo governo durante a pandemia.
Dados preliminares apontam que pelo menos 69 pastores da Universal receberam as parcelas de R$ 600, e agora a instituição fundada pelo bispo Edir Macedo afirma estar trabalhando para levantar os nomes e força-los a devolver os valores ao governo.
Essa postura se dá apesar de os pastores da Universal – como em muitas outras denominações religiosas – não terem registro de trabalho em carteira ou contrato de trabalho no regime de Pessoa Jurídica.
Dessa forma, caso os pastores não tenham declarado renda nos anos anteriores, o governo não teria como saber se eram candidatos indevidos ao auxílio emergencial. O fato de serem pastores não era um impeditivo em si.
Dentro da própria Universal há avaliação de que estes pastores cometeram crime, e de acordo com informações do portal Uol, há pouca tolerância para o episódio. Áudios atribuídos ao bispo Renato Cardoso, genro de Edir Macedo, demonstram que um ultimato a esses pastores para corrigirem o erro já foi dado.
“Mais cinco pessoas saíram da obra […] Pessoas vão sair, distorcendo tudo, ao contrário do que ouviram. Pessoas como essas, graças a Deus, a igreja está limpando. A igreja está tomando as providências necessárias judiciais, inclusive em casos em que há indícios de crime contra a igreja, contra o povo da igreja. Estaremos denunciando, fazendo a denúncia-crime”, anunciou Cardoso, na gravação atribuída a ele.
A reportagem acrescenta que Cardoso “mostra-se implacável com seus subordinados” por considerar que os pastores que receberam o auxílio burlaram o Fisco, cometeram crimes e podem até ser presos.
O outro lado
Dois ex-pastores que deixaram a Universal recentemente, Lairton Silva de Menezes e Anderson Paulo de Souza, se defendem das acusações dizendo que em abril de 2020, quando os R$ 600 do auxílio emergencial começaram a ser pagos, a instituição teria orientado os pastores a se cadastrarem para receber o auxílio emergencial.
Essa orientação teria sido passada por conta da queda na arrecadação de doações dos fiéis, o que levou a um fluxo de caixa menor. Menezes e Souza não chegaram a receber o auxílio por não se enquadrarem nos requisitos exigidos pelo governo.
Menezes, por exemplo, havia declarado Imposto de Renda no ano anterior, e Souza achava que não se enquadrava por causa de sua faixa de salário e nem chegou a pleitear, segundo afirmou ao Uol.
“Veio uma direção para os pastores auxiliares darem entrada no pedido de auxílio emergencial. Era para todos pedirem e, na medida que o auxílio fosse aprovado, procurassem o departamento de pastores, que lança a folha de pagamento, para descontar esse valor do salário”, acusou Menezes, 37 anos, 19 deles a serviço do corpo de pastores da Universal.