A Marcha para Jesus, evento organizado pela Igreja Renascer em Cristo, é considerada a maior manifestação popular de evangélicos do Brasil, uma das maiores do mundo, ocorrida anualmente em várias cidades do país. Só a de São Paulo reuniu cerca de 2 milhões de pessoas na última quinta-feira (31), segundo os organizadores.
Como é de se esperar, um evento desse porte sempre atrai a atenção da classe política, especialmente em ano de eleição. Devido a isso, vários parlamentares compareceram na Marcha para Jesus de São Paulo, voluntariamente, por articulação partidária ou convite dos organizadores.
Outro fator que está corroborando com a visibilidade que a Marcha para Jesus possui na sociedade e, consequentemente, seu envolvimento com a classe política, é a chamada “guerra cultural”, onde questões relacionadas à família tradicional, aborto, legalização das drogas, ideologia de gênero e etc., frequentemente são trazidas à tona durante o evento através de discursos, cartazes, camisas e palavras de ordem.
A presença de políticos como o Senador Magno Malta e o pré-candidato à Presidência da República, Jair Messias Bolsonaro, por exemplo, na Marcha para Jesus, sendo ambos ovacionados pelos participantes, demonstra o quanto a absoluta maioria dos evangélicos no Brasil se identificam com o pensamento conservador.
Com base nisso, no palco principal do evento, Malta fez questão de apresentar Jair Bolsonaro como um fiel “defensor dos valores da família”, e o mesmo correspondeu categoricamente ao se dirigir para o público:
“Vim aqui mais para ouvir do que falar. Que o Senhor abençoe e proteja as nossas famílias. O Brasil acima de tudo, e Deus acima de todos”, disse Bolsonaro, sendo aplaudido em seguida.
Mais cedo, no entanto, o fundador da Marcha para Jesus e líder da Igreja Renascer em Cristo, apóstolo Estevam Hernandes, disse que se Bolsonaro deseja conquistar mais apoio dos evangélicos ele precisa pregar mais “amor e tolerância”:
“Eu respeito o discurso dele, mas o discurso raivoso não é bíblico”, disse Hernandes, segundo a Folha de São Paulo. “É preciso ser tolerante com quem pensa diferente. Não significa que eu concorde com a pessoa, com o que ela pratica, mas que eu deva ter um amor que seja superior às diferenças.”