“Você já se sentiu envergonhado do modo como alguns cristãos se expressam, em um legalismo fanático, revelando a antítese da vida e dos ensinamentos de Jesus?”, esse foi o questionamento que incomodou um dos editores da revista inglesa Premier Christianity, Martyn Eden.
Eden observou como a internet tem sido utilizada como palco de intrigas por várias pessoas, incluindo os cristãos, algo incompatível com os ensinamentos de Jesus Cristo. Para o autor, os “cristãos correm o risco de se tornar fariseus digitais” e isso reflete o distanciamento da centralidade do evangelho em nossos dias.
“Alguns dos comentários que tenho lido são tão desagradáveis que é difícil pensar que vieram de alguém que tenha entendido a centralidade da graça e do amor que caracterizou a vida e o ensino de Jesus”, disse ele em uma publicação do Premier Christianity.
Como pesquisador, Eden observou também que alguns utilizam o evangelho para tentar justificar opiniões, mas que sem perceber acabam confundindo a vivência com a teoria: “Há uma enorme diferença entre levar a sério a doutrina cristã e usá-la para agredir verbalmente qualquer pessoa com quem se discorde”, disse ele.
Eden citou como exemplo a repercussão do sermão feito pelo Bispo Curry no casamento do Príncipe Harry e Meghan, na Inglaterra. Muitos ressaltaram o fato do Bispo defender o direito ao “casamento homossexual”, aproveitando a visibilidade de Curry para criticá-lo.
“Isso [a união gay] é um problema real, mas não foi citado em seu sermão e ninguém poderia cobrir todas as doutrinas cristãs em um sermão de casamento de 13 minutos”, destaca Eden, sugerindo que a ênfase da mensagem estava no amor e na graça de Deus, algo comum a todos os cristãos.
Outros temas também foram citados pelo autor, como a legalização do aborto, por exemplo: “É uma questão moral e espiritual complexa e a visão cristã tradicional é pela vida”, disse ele, mas ressaltando que mesmo ciente de qual é a vontade de Deus, não devemos utilizar esse conhecimento para justificar “respostas extremistas” aos que discordam de nós.
Por fim, Eden aponta que a única forma de saber lidar com discordâncias em uma época tão marcada por confrontos ideológicos, é tendo o evangelho de Cristo como referência. “Todas as nossas diferenças deveriam ser expressadas com graça e amor. Se queremos falar como cristãos, temos que lembrar a centralidade da graça e do amor no ensino de Jesus”, explica ele.
“Isso inclui amar aqueles com quem discordamos (Mateus 5: 43-47). Se desejamos mostrar que somos semelhante a Cristo, precisamos nos manifestar sem arrogância e ódio”, conclui.