As críticas do pastor Silas Malafaia à indicação do desembargador Kassio Nunes Marques ao STF foram respondidas de maneira indireta pelo presidente Jair Bolsonaro, que se mostrou bastante “chateado” com a postura do aliado.
Na conversa com cidadãos à porta do Palácio da Alvorada, o presidente não mencionou Malafaia diretamente, mas afirmou que uma “autoridade do Rio de Janeiro” estaria fazendo críticas severas porque gostaria que o escolhido fosse um indicado seu.
“Eu estou chateado, sim. O pessoal que me apoia, lá, virando as costas, ‘não voto mais’. Não tem problema. Lamento. O voto é direito dele, até não ir votar é direito dele. Agora, tudo vê defeito… E essa autoridade do Rio de Janeiro queria que indicasse o dele”, afirmou. “Fez vários vídeos aí. Lamento. Uma autoridade que diz que tem Deus no coração, ainda por cima, que dói mais na gente, mas tudo bem”, acrescentou o presidente.
Malafaia afirmou que o desembargador Kassio Nunes Marques seria “petista” e teria votado a favor da permanência do terrorista italiano Cesare Battisti no país. Em resposta, Bolsonaro usou as redes sociais para rebater a alegação de envolvimento de seu indicado para o Supremo Tribunal Federal com o caso.
“Eu tô chateado sim”, disse Bolsonaro sobre apoiadores que estão “virando as costas”.
O presidente também criticou por várias vezes uma “autoridade religiosa do Rio de Janeiro” e disse que esta pessoa o critica porque queria colocar um indicado dela no STF pic.twitter.com/YNAdB3w0Qh
— Samuel Pancher (@SamPancher) October 2, 2020
Desmentidos
“Em nov/2009, por 6×3, o STF decidiu que caberia exclusivamente ao Presidente da República autorizar, ou não, a extradição de Battisti; Em dez/2010, seguindo o STF, o Pres. Lula resolveu negar a extradição de Battisti, ou seja, a ele foi dado o direito de permanecer no Brasil; Em mar/2015 a Juíza Adverci Rates, da 2a. Vara Federal (1a. instância), determinou que Battisti fosse deportado; Em set/2015, a 6a. Turma do TRF-1, tendo o desembargador Kassio Nunes como vogal, num agravo de instrumento, resolveu suspender a decisão porque a matéria só poderia ser julgada na apelação; O desembargador Kassio participou de julgamento que tratou exclusivamente de matéria processual e não emitiu nenhuma opinião ou voto sobre a extradição”, escreveu o presidente.
“A apelação no TRF1 nunca chegou a ser julgada em razão de decisão posterior do STF. Portanto é mentira que Kassio Nunes teria votado concordando que Battisti permanecesse no Brasil. Lamento as críticas infundadas que inundaram as mídias, em especial de uma autoridade do Rio, que queria, a qualquer custo, que eu indicasse um candidato seu para o Supremo”, acrescentou, reiterando seu descontentamento.
Ainda nas redes sociais, surgiu questionamento sobre uma possível atuação do desembargador Kassio Nunes Marques em defesa da legalização do aborto no Brasil. Em resposta a um seguidor no Facebook, o presidente esclareceu que o indicado teria garantido ser contra mudanças na legislação sobre o tema e ainda estaria alinhado consigo no que se refere à posse de armas.
“Kassio é contra o aborto (votará contra a ADPF 442 caso seja pautada). É pró armas nos limites da lei (ele é CAC [caçador, atirador e colecionador]). Defende a família e as pautas econômicas (quem duvida que aguarde as votações). Resumindo, ele está 100% alinhado comigo, por isso a ferrenha campanha para desconstruí-lo”, respondeu Bolsonaro.
Outros pontos serão colocados nas redes sociais: pic.twitter.com/G38jCla4pm
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) October 4, 2020