A disputa judicial entre a Igreja Universal do Reino de Deus e o grupo de pastores rebeldes pelo controle dos templos em Angola teve novo capítulo, com um tribunal do país determinando a devolução dos edifícios à instituição brasileira em duas localidades.
As decisões judiciais se deram em resposta a ações movidas pela Igreja Universal, relacionada aos templos em Lunda Norte e Benguela. No processo, a instituição fundada pelo bispo Edir Macedo alega “reportado às autoridades competentes fatos que configuram a prática de vários crimes graves, consubstanciados em diversos atos criminosos de violência física, psicológica, ameaças, atos xenófobos, difamações, perseguição religiosa, entre outros”.
Em sua nota oficial, a Universal comemorou as decisões dos tribunais: “Em Lunda Norte, através de providência cautelar requerida pela IURD, foi proferida sentença que ordenou a restituição da posse da Igreja ilicitamente ocupada pelos dissidentes”, disse a direção angolana da instituição.
Os responsáveis pela Universal em Angola também acrescentaram que a medida liminar restituiu o templo provisoriamente à instituição, “legítima proprietária pelos fundamentos aduzidos”.
Sobre os templos em Benguela, a direção da Universal em Angola diz que o tribunal local decidiu no mesmo sentido: “os Requeridos [os pastores dissidentes] atuaram de forma premeditada, coordenada e organizada, orquestrando a tomada de assalto as igrejas da IURD à mesma hora, dessa forma, evitando qualquer resposta atempada por parte das autoridades, e de forma a amplificar e instigar o ódio, a violência religiosa e racial, que tem estado patente nas suas condutas, prestando declarações da comunicação social, procurando sentenciar o fim da requerente [a IURD]”.
“A conduta dos requeridos é ilícita e absolutamente inadmissível em um Estado de Direito, e apenas vem dar razão àquilo que a IURD tem reportado nas suas queixas crimes e nos pedidos vários que têm feito as autoridades”, finaliza a nota.
Presente de forma oficial e reconhecida pelas autoridades angolas desde os anos 1990, a Universal é considerada uma “igreja de direito angolano”, já que as leis do país estabelecem um alto grau de restrição para que comunidades religiosas sejam reconhecidas como igrejas autorizadas a funcionar.
O imbróglio atual envolve um grupo de pastores rebeldes, autodenominados “comissão de reforma”, que tomou o controle dos templos da Universal no país à força, com casos de agressão física e vandalismo, sob o argumento de que os líderes brasileiros da instituição estariam cometendo crimes de evasão de divisas, racismo e xenofobia, além de imporem aos pastores solteiros a realização de vasectomia.
Recentemente, a “comissão de reforma” admitiu que usou documentos fraudados para registrar uma ata de reunião que teria definido a destituição da diretoria da Igreja Universal no país.
Enquanto a disputa de narrativas se estende, a Procuradoria-Geral da República de Angola investiga a Igreja Universal por suspeita de lavagem de dinheiro, fraude fiscal e associação criminosa, e inclusive pediu à Justiça a determinação do fechamento dos templos da instituição em todo o país.