Guilherme Boulos (PSOL) segue tentando aproximação com o eleitorado evangélico para diminuir a diferença para seu adversário, Bruno Covas (PSDB). Na última segunda-feira, 23 de novembro, reuniu-se com pastores simpatizantes da esquerda e prometeu dar mais atenção às periferias se for eleito.
Aproximadamente 30% dos eleitores paulistanos que elegerão o próximo prefeito são evangélicos, e Boulos vê nesse segmento a oportunidade de virar o cenário das pesquisas de intenção de votos, que vêm apontando favoritismo do candidato à reeleição.
O jornal O Estado de S. Paulo repercutiu esse cenário a partir de uma pesquisa do Ibope, que apontou que Boulos tem 14% da preferência do eleitorado evangélico, contra 25% de Covas. Na reunião do candidato do PSOL com os pastores, ele não se comprometeu e nem foi solicitado a assumir compromissos com as igrejas evangélicas.
“Quando a pessoa está na fila do posto de Saúde esperando um exame ou na porta da creche esperando uma vaga ninguém pergunta qual é a religião”, disse Guilherme Boulos, sobre a reunião com os pastores, justificando sua promessa de dar mais atenção às periferias. A maioria dos presentes, no entanto, era formada por simpatizantes de movimentos sociais de esquerda, conforme informações do portal Metrópoles.
Boulos descreveu o grupo como “pastores e lideranças evangélicas que são contra a intolerância e o uso da fé das pessoas para fazer promoção política e promoção de discursos contrários aos valores de solidariedade e justiça social”.
Ataques
Boulos criticou a postura do concorrente, que tem conseguido apoio de lideranças evangélicas tradicionais da cidade, como por exemplo, os três encontros feitos por Bruno Covas no domingo com fiéis da Assembleia de Deus e também da Igreja Mundial do Poder de Deus, onde foi recebido pelo autointitulado apóstolo Valdemiro Santiago.
Na oportunidade, Covas esteve acompanhado do missionário José Olímpio (DEM), ex-deputado federal que acaba de ser eleito vereador na capital paulista. O prefeito foi elogiado por alterar a legislação de obtenção de alvará para igrejas por meio da Lei de Anistia das Edificações e por ter facilitado o diálogo que permitiu que os templos continuassem funcionando durante a pandemia.
Covas comentou as palavras dos líderes evangélicos: “A Lei de Anistia de Edificações já regularizou mais de 200 mil imóveis na cidade de São Paulo, templos e também locais de comércio, residências, beneficiou a todos de forma igual, portanto não é uma ação específica para essa ou aquela igreja. Não há nenhum tipo de compra de apoio”, argumentou.
Para Boulos, no entanto, esse foi um gesto pensado para atrair a simpatia dos evangélicos: “Isso é uma tentativa mais uma vez de politizar, partidarizar, instrumentalizar a fé das pessoas, que é o que o meu adversário tem tentado fazer com o apoio de determinadas lideranças que não representam a comunidade evangélica”, reclamou candidato do PSOL, que se tornou figura pública em São Paulo por comandar invasões a imóveis com o movimento dos sem-teto.
“Há pessoas que querem falar em nome do conjunto dos evangélicos. Essas pessoas que só pregam intolerância não falam em nome de todos. Ninguém é dono de uma religião, ninguém é dono de uma fé”, acrescentou o candidato.