A tragédia na cidade de Capitólio (MG), com o desabamento de um paredão do cânion no lago de Furnas, foi explorada de forma preconceituosa com as vítimas fatais de um barco batizado como “Jesus” pelo jornal O Globo.
Uma das quatro lanchas atingidas pelo desabamento do paredão havia sido batizada pelo proprietário como “Jesus”, e esse aspecto foi pontuado de forma negativa pelo jornal:
“Acidente em Capitólio: todas as vítimas estavam em mesma lancha chamada Jesus”, diz a manchete da reportagem assinada pelo jornalista Rodrigo Castro.
Ao todo, mais de 30 pessoas ficaram feridas, além das 10 vítimas fatais, que além de compartilharem a mesma lancha no passeio, eram familiares e amigos uns dos outros e estavam hospedados numa mesma pousada em São José da Barra (MG).
Diante da denotação preconceituosa, muitos usuários do Twitter reagiram ao título da matéria d’O Globo, questionando a relevância da referência a Jesus no nome dado à lancha em relação às causas do acidente e medidas a serem tomadas daqui em diante.
O jornalista David Ágape foi um dos que apontaram essa abordagem como sendo mero sensacionalismo: “A palavra Capitólio vem do Latim, ‘Capitolium’, nome de um templo da Roma antiga, dedicado a Júpiter, o pai dos deuses entre os romanos da antiguidade, também identificado com o deus grego Zeus. Era o deus dos céus, raios e do relâmpago. Sabe o que isso significa, O Globo? Nada! Cidadãos querendo buscar no sobrenatural sinais ou respostas para a sua dor e perda é compreensível. Mas jornal fazendo isso para lucrar em cima de uma tragédia é indesculpável”.
A jornalista Fernanda Salles também reprovou a abordagem: “Que nojo! Falta de ética, falta de respeito, falta de profissionalismo. Falar que vocês fazem algo parecido com jornalismo é uma afronta a QUALQUER pessoa que saiba ler! Não passam de militantes baixos, sem um pingo de compromisso com a profissão”.
Outro questionamento partiu de um usuário chamado Manassés: “Se fosse Maomé eu duvido que existiria uma matéria nesse sentido”.
Se fosse Maomé eu duvido que existiria uma matéria nesse sentido.
— Manassés 🇧🇷🇮🇱 (@ManassesCava) January 9, 2022
Que nojo! Falta de ética, falta de respeito, falta de profissionalismo. Falar que vocês fazem algo parecido com jornalismo é uma afronta a QUALQUER pessoa que saiba ler! Não passam de militantes baixos, sem um pingo de compromisso com a profissão.
— Fernanda Salles (@reportersalles) January 9, 2022
Cidadãos querendo buscar no sobrenatural sinais ou respostas para a sua dor e perda é compreensível. Mas jornal fazendo isso para lucrar em cima de uma tragédia é indesculpável.
— David Ágape (@david_agape_) January 9, 2022