A crescente ingerência da China sobre Hong Kong, que se intensificou nos dois últimos anos, levou um ministério cristão a decidir encerrar as atividades por conta das represálias do regime comunista liderado por Xi Jinping.
Os protestos em Hong Kong se iniciaram em junho de 2019, quando uma proposta de lei estava sendo discutida para determinar a extradição de suspeitos de crimes para a China para serem processados.
Na ocasião, cristãos foram às ruas e louvaram a Deus com hinos durante os protestos.
Hong Kong é uma ilha com 7,5 milhões de habitantes. Até recentemente possuía grande autonomia em relação à China, com um sistema democrático e liberdade religiosa, dentre outras influências do período em que foi colônia britânica.
Agora, com o plano do Partido Comunista Chinês em transformar a China na maior potência global, as ingerências em Hong Kong se intensificaram, com cerceamento da liberdade de manifestação, por exemplo.
Em junho de 2020, uma abrangente Lei de Segurança Nacional foi imposta a Hong Kong pela China em resposta aos massivos protestos pró-democracia de 2019, sob a alegação de que seu propósito é garantir o desenvolvimento econômico e a estabilidade política da ilha.
De acordo com a entidade de monitoramento da liberdade religiosa International Christian Concerno (ICC), a Lei de Segurança Nacional atinge qualquer pessoa que seja considerada uma ameaça ao governo, o que permitiu a criminalização de vários políticos, jornalistas, ativistas e cantores.
Fim de ministério
“Embora a repressão não tenha atingido a comunidade cristã em Hong Kong, muitos líderes cristãos que se manifestaram abertamente no movimento pró-democracia fugiram para outros países com medo de repercussão”, informou a ICC.
O ministério Hong Kong Pastors Network (HKPN), que havia sido criado após o protesto contra a lei de extradição de 2019 e publicou uma “Declaração do Evangelho” conjunta com críticas a Pequim, compartilhou em sua página do Facebook a decisão de encerrar suas atividades no último dia 02 de setembro.
No anúncio da HKPN há a menção à ingerência chinesa: “Devido à situação atual de Hong Kong, que se deteriorou, onde grupos civis e sindicatos com longa história anunciaram sua decisão de se separar temendo a perseguição, tomamos a decisão de nos separar e cessar nossa operação. Pararemos de atualizar nossa página do Facebook, mas não excluiremos ativamente esta página”.
“Que este movimento espiritual continue a ser realizado em nossas vidas; aqueles cristãos e pastores dentro e fora de Hong Kong continuarão a vigiar Hong Kong, persistir na verdade do Evangelho e rejeitar todas as mentiras”, acrescenta o comunicado.
O reverendo Yuen Tin-Yau, ex-presidente do Conselho Cristão da ilha, comentou o fim das atividades do ministério HKPN dizendo que o exílio de muitos dos integrantes do HKPN e as atividades pastorais dos que ficaram na ilha tornaram as atividades inviáveis.