O cinegrafista Luís Carlos de Jesus, da Band do Paraná, foi ouvido em uma audiência pública do Senado na última quarta-feira, 06 de maio, e relatou o livramento que recebeu durante as manifestações dos professores de seu estado na última semana.
Luiz Carlos foi atacado por um cachorro pitbull da Polícia Militar enquanto cobria as manifestações dos professores em frente à Assembleia Legislativa, na quarta-feira, 29 de abril. O caso repercutiu em todo o país como uma amostra de uso excessivo de força por parte da Polícia Militar.
Em seu depoimento, Luiz Carlos fez questão de falar de sua fé e citou a Bíblia Sagrada: “Sou um rapaz cristão, não estou aqui representando nenhum sindicato, nenhum partido político. Estou representando um trabalhador, que estava com uma câmera na mão, e foi agredido. ‘E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto’. Romanos 8:28”, disse o cinegrafista.
Luiz Carlos relatou aos senadores que estava na rampa de acesso à Assembleia Legislativa como repórter, com autorização prévia: “As cenas que a gente presenciou foram cenas de guerra. Helicópteros dando rasantes nos manifestantes que ali estavam. Jogavam bombas de efeito moral do helicóptero. Tinham atiradores de elite que atiravam – não sei se balas de borracha, não sou especialista no assunto. Eram cenas de guerra”.
O cinegrafista foi mordido por um dos cães, que ficaram agitados quando um repórter passou próximo a eles. O vídeo de sua mordida foi feito por ele próprio, que em momento algum soltou a câmera. Socorrido pelos colegas, Luiz Carlos recebeu atendimento médico no ambulatório da Assembleia Legislativa.
“Quando eu cheguei em casa, minha filha e minha esposa estavam me esperando. Elas escutaram nas reportagens de TV e de rádio que os médicos tinham me falado que se não fosse Deus ter me livrado, eu estaria morto, porque [a mordida do pitbull] foi três centímetros próxima da minha artéria, e o percurso que eu fiz da rampa até onde fui atendido não daria tempo [de socorrer]”, relatou o repórter cinematográfico.
Emocionado, o profissional da Band disse que o episódio acabou com o sonho de sua filha: “O que mais me dói é quando elas veem essa calça aqui, que eu estava trabalhando, e minha filha – que tem o sonho de ser Policial Militar – fala para mim que ela não quer ser polícia porque ela não quer jogar cachorro em ninguém, principalmente em quem está trabalhando. Eu não estava lá para manifestar, eu não para promover a segurança de ninguém. Eu estava lá com uma câmera no ombro só para registrar. E mesmo assim, fui atacado por um cachorro”, disse, visivelmente emocionado. “Já que vivemos em um lugar que os valores são invertidos, me coloquem na cadeia”, acrescentou.
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