Ciro Gomes (PDT) assumiu a segunda colocação numérica em todas as pesquisas de intenção de voto para presidente da República, e após um breve período de trégua, voltou a abrir fogo contra seus adversários na disputa. Mas, o que pensa o candidato a respeito de temas caros aos cristãos, como aborto, por exemplo?
Recentemente, um grupo de líderes evangélicos de variadas denominações divulgou um manifesto salientando a importância da conscientização dos fiéis sobre temas que são inegociáveis a partir dos princípios bíblicos, incluindo “princípios virtuosos de vida em sociedade e com uma visão cristã de mundo”, para a escolha do voto nas próximas eleições
No site oficial da campanha de Ciro Gomes, o candidato fala sobre sua convicção de promover a agenda LGBT, além de abordar outras questões associadas à visão progressista, destacando que em um eventual governo, princípios oriundos da civilização judaico-cristã não terão peso na definição das políticas públicas.
“Essas ações, saliente-se, dependem da atuação de um Estado pautado pela laicidade, que respeite a diversidade, sem interferência dos moralismos e dogmas de qualquer espécie nas políticas públicas de sua responsabilidade”, descreve o texto, apontando rejeição às posições das instituições religiosas.
“O Estado e suas políticas públicas de desenvolvimento podem ser direcionados também para promoção da igualdade de gêneros, para a inclusão das mulheres e da população LGBT+ nos espaços institucionais e no mercado de trabalho, para o fim da violência e da opressão estruturais contra esses mesmos grupos”, diz o texto, sugerindo valorização dos discursos adotados pelas militâncias.
“A igualdade de gêneros certamente passa pelos discursos, mas deve ocorrer, também, nas ações políticas para que as mulheres e toda a população LGBT+ sejam agentes políticos presentes em espaços institucionais de governança, de criação de políticas públicas, de pensamento estratégico e sua implementação. Importa, aliás, reconhecer as diferentes demandas dos movimentos por igualdade de gênero, por exemplo, no caso das mulheres negras e da população trans”, enfatiza o documento.
No entanto, declarações do candidato em entrevistas apontam que a disposição em praticar igualdade entre as pessoas é acompanhada de simpatia a tópicos ligados ao progressismo. Em 08 de agosto, o jornal Folha de S. Paulo publicou declarações do candidato sobre o aborto, afirmando que tinha posições contrárias às de sua vice, senadora Kátia Abreu (PDT).
“São posições diferentes, claro. Ora, mas você imagina que o vice pensa igual a mim? Qual o vice pensa igual ao titular na história do Brasil?”, questionou Ciro, reafirmando sua posição favorável à descriminalização do aborto.
Essa porém, não é a primeira vez que Ciro se deixou transparecer sobre o tema. Em 2010, numa entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, chamou de “calhordice da mistificação religiosa” as críticas direcionadas à então candidata a presidente Dilma Rousseff (PT) por ser favorável ao aborto. “A imundície está tomando conta, essa coisa do ódio religioso, da intolerância trazida para a política”, afirmou.
A repercussão das declarações mais recentes do candidato voltou a ser abordada em outra circunstância, dias depois, quando Ciro Gomes tratou de minimizar a importância de sua postura pessoal: “Legalização ou não, não é tarefa da presidência da República. Para que cobrar do presidente uma tarefa que não é dele? Eu não sou candidato a guru de costumes”, afirmou, durante agenda pública na cidade de Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo.
Segundo informações da revista Exame, na mesma ocasião, Ciro Gomes declarou que não iria partir para o embate nesse tema: “Eu não vou confrontar a população cristã, católica do Brasil, introduzindo uma tarefa que não é do presidente da República, é do Congresso”.
“Eu respeito a sociedade brasileira como ela é. Temos uma Igreja Católica que é extremamente solidária com os pobres, mas extremamente criptoconservadora nesses termos de costumes. O chefe de Estado tem que entender isso, tem que compreender e respeitar isso”, disse à BBC em 2017, quando questionado sobre aborto e união de pessoas do mesmo sexo.
No mesmo ano, falando ao jornal espanhol El País, reiterou sua posição política sobre o tema: “O corpo da mulher a ela pertence, não é assunto de Estado, portanto o aborto é uma questão de saúde pública”.
A posição de Ciro Gomes a respeito da união de pessoas do mesmo sexo, o candidato declarou ao jornal O Globo que apoiava o tema, assim como a adoção homoparental: “Sou absolutamente a favor dos efeitos civis da união estável de homossexuais. Casamento não é o que eles estão postulando. Quanto à adoção, se for o melhor para a criança, se a condição for correta, depois de apreciada pela Justiça, como em qualquer outra adoção, tudo bem”.
Comunismo
A relação do Partido Democrático Trabalhista (PDT) com o Partido Comunista Chinês não é segredo para nenhum eleitor brasileiro.
No site oficial da legenda brasileira há uma matéria que relata um encontro entre as lideranças dos dois partidos em julho de 2017, para discutir a “integração das instituições com foco no desenvolvimento social” e a “importância da candidatura de Ciro Gomes, em 2018”.
O secretário do Secretariado do Comitê Central do partido chinês, Du Qinglin, compareceu à reunião e declarou que o Brasil é um parceiro que seu grupo político enxerga como “bom companheiro para promover o estabelecimento de uma ordem mundial mais justa e razoável”.
O Partido Comunista Chinês (PCCh) é protagonista na perseguição religiosa a cristãos no país, com prisão de fiéis e demolição de igrejas, além de acusações de planejar a erradicação da fé cristã na China.