A centenária Igreja Metodista Unida (UMC) sofreu um enorme cisma com a debandada de milhares de congregações após se recusar a reprimir ativistas LGBT e práticas homossexuais entre seus líderes. Os conservadores que a abandonaram fundaram outra denominação, que agora já soma 4,2 mil igrejas filiadas.
A Igreja Metodista Global (GMC), teologicamente conservadora, foi fundada em 2022 para servir como alternativa à Igreja Metodista Unida. Ao final de 2023, a denominação tinha 4.281 igrejas membros, de acordo com Keith Boyette, um dos responsáveis pela admissão de igrejas.
Boyette explicou que embora a maioria das igrejas da GMC fossem anteriormente da UMC, existem congregações de diferentes origens que decidiram aderir à nova denominação: “As actuais congregações membros são predominantemente antigas congregações da UMC, mas temos congregações membros que vieram de outras denominações, ou que eram anteriormente não denominacionais ou independentes, ou que são novas igrejas que já foram reconhecidas como congregações membros”.
De acordo com informações do portal The Christian Post, Boyette revelou que ainda existem igrejas da Igreja Metodista Unida “tanto dentro como fora dos EUA” que estão tentando se filiar à GMC, algo que deve ser realizado até maio, durante a Convenção Geral da UMC.
Cisma
Em resumo, ao longo das últimas décadas, UMC tem lidado com um debate divisivo sobre a possibilidade de alterar o seu Livro de Disciplina para permitir a bênção a uniões entre pessoas do mesmo sexo e a ordenação de pessoas em relacionamentos homoafetivos ao ministério pastoral.
Os esforços para mudar o Livro da Disciplina sempre fracassaram nas tentativas que foram feitas na Convenção Geral, e a razão disso sempre foi a postura conservadora teologicamente dos representantes da igreja na África.
Apesar disso, muitos teólogos liberais dentro da UMC recusaram-se abertamente a seguir ou fazer cumprir as regras, o que na prática resultou em celebrações de uniões LGBT e ordenação de homossexuais ao ministério.
Por exemplo, em novembro de 2022, a Jurisdição Ocidental da Igreja Metodista Unida votou para tornar o reverendo Cedrick D. Bridgeforth, da Conferência Califórnia-Pacífico, bispo, apesar de ele estar numa união homoafetiva.
Numa sessão especial da Conferência Geral da UMC realizada em fevereiro de 2019, os delegados votaram para adicionar o Parágrafo 2553 ao Livro da Disciplina, que criou um processo temporário para as congregações se desfiliarem da UMC devido ao debate sobre a homossexualidade.
De acordo com os dados da própria denominação, 7.660 congregações deixaram a UMC de 2019 a 2023, com mais de 5.600 decidindo abandona-la no ano passado, uma informação que mostra que o cisma está aumentando.
Apesar do crescimento da Igreja Metodista Global, ela não foi a única que surgiu do cisma. A White’s Chapel, uma megaigreja do Texas que deixou a UMC em 2022 e se identifica como teologicamente centrista, lançou sua própria rede de igrejas conhecida como Igreja Metodista Colegiada.