A realização de cultos evangélicos no gabinete da secretária de Políticas para as Mulheres, Fátima Pelaes, gerou polêmica entre servidores públicos e obrigou a Comissão de Ética da Presidência da República a recomendar o fim das reuniões religiosas no horário do expediente.
Fátima Pelaes foi nomeada para o cargo pelo presidente Michel Temer (PMDB) em junho do ano passado. Evangélica, a ex-deputada federal é contra a legalização do aborto e assumiu o cargo dizendo que sua convicção de fé não iria interferir nas tomadas de decisão à frente da pasta.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, Fátima Pelaes realizou uma reunião de oração em março, durante o horário do expediente, dentro do gabinete, que fica no prédio do Ministério da Justiça.
Servidores públicos insatisfeitos fizeram uma denúncia à Comissão de Ética da Presidência da República, alegando que haviam sido constrangidos a participar do culto. Mauro Menezes, presidente da comissão, frisou que essa situação não deve se repetir e pediu que não se ponha em prática nenhuma retaliação aos que se opuserem a tais convites.
“E também que o gabinete da secretaria não seja usado para esse tipo de manifestação, que ocorra de preferência fora do horário de expediente”, disse Menezes. “O exercício do cargo não pode ser utilizado para constrangimento”, acrescentou.
O movimento feminista já havia criticado a nomeação de Fátima Pelaes por ela ser evangélica. Ainda assim, Temer vem mantendo-a na titularidade da secretaria, por ela ser presidente do núcleo feminino do PMDB e ter apoio da bancada feminina da Câmara dos Deputados.