Durante um evento no Palácio do Planalto na última quarta-feira, 27 de abril, o presidente Jair Bolsonaro reiterou a postura de cobrança de transparência no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a contagem dos votos da próxima eleição.
Bolsonaro recebeu parlamentares para o “Ato Cívico pela Liberdade de Expressão”, em especial, integrantes da bancada evangélica, da bancada ruralista e também da bancada da segurança pública.
Durante seu discurso, Bolsonaro comentou a declaração do ministro Luís Roberto Barroso, que afirmou que as Forças Armadas estariam sendo orientadas a atacar as eleições.
A fala desastrosa do integrante do STF e ex-presidente do TSE provocou forte reação do Ministério da Defesa no final de semana, além de generais da ativa e da reserva, o que aumentou a tensão entre os Poderes.
“Eles [TSE] convidaram as Forças Armadas a participarem do processo eleitoral. Será que esqueceram que o chefe supremo das Forças Armadas se chama Bolsonaro?”, questionou, antes de se referir a Barroso como mentiroso:
“Mente o ministro Barroso quando diz que é sigiloso. Para as Forças Armadas, se um militar mente, acabou a carreira dele”.
Contagem dos votos
Em seguida, o presidente Bolsonaro também voltou a questionar a transparência do sistema eleitoral, afirmando que suas preocupações não giram em torno apenas da contagem dos votos para o cargo que disputará, mas também para governadores, deputados e senadores:
“Não pense que uma possível suspeição da eleição vai ser apenas no voto do presidente. Vai entrar no Senado, Câmara, se tiver, obviamente, algo de anormal”, enfatizou.
Desde que críticas foram feitas ao grau de auditoria que as urnas eletrônicas permitem, e a revelação de que um hacker invadiu o sistema do TSE durante meses em 2018, o tribunal que valida as eleições tomou medidas para tentar demonstrar a segurança de todo o processo.
Nesse ínterim, Barroso – então presidente do TSE – convidou organizações da sociedade civil e as Forças Armadas para auditarem o código fonte das urnas. Desde então, especialistas militares em tecnologia encontraram vulnerabilidades e fizeram 75 perguntas sobre o processo eleitoral do ponto de vista da informática.
No evento, Bolsonaro cobrou que o TSE aceite as sugestões das Forças Armadas para o processo eleitoral, de acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo: “Todas foram técnicas. Não se fala ali em voto impresso. Não precisamos. Nessas sugestões existe essa maneira, para a gente confiar nas eleições”, declarou.
Uma das sugestões feitas é que os militares possam acompanhar a apuração final dos votos: “Quando encerra eleições e os dados chegam pela internet, tem um cabo que alimenta a sala secreta do TSE. Dá para acreditar nisso? Sala secreta, onde meia dúzia de técnicos diz ‘quem ganhou foi esse’. Uma sugestão é que neste mesmo duto seja feita uma ramificação, um pouco à direita, porque temos um computador também das Forças Armadas para contar os votos”, explicou o presidente.