A influência dos evangélicos na América Latina não é um fenômeno isolado de um ou dois países. Essa realidade está associada ao crescimento do número de protestantes nas nações que pertencem ao bloco geográfico, como a Argentina, onde uma nova pesquisa revelou uma tendência exponencial durante o período de 11 anos.
Essa informação foi publicada pela Segunda Pesquisa Nacional sobre Crenças e Atitudes Religiosas, a qual fez um levantamento do número de evangélicos, entre outras informações, como por exemplo a opinião sobre aborto, entre 2008 até os dias atuais.
O número de evangélicos na Argentina saltou de 9% em 2008 para 15,3% em 2019. No mesmo período, o número de católicos caiu de 76,5% para 62,5%, uma queda ainda maior quando a comparação é feita com os anos 1960, quando a taxa era de 90%.
“A pesquisa mostra que a crença em Deus é de cerca de 80%, mas estamos em um contexto de desconfiança nas instituições em geral, uma realidade que afeta também as organizações religiosas”, disse o sociólogo Fortunato Mallimaci, líder do grupo de pesquisa contratado pelo Ministério da Sociedade, Cultura e Religião.
A declaração de Fortunato se fundamenta em outro número também revelado pela pesquisa, o de que 18,9% dos argentinos declaram não se identificar com nenhuma religião. Em 2008 esse número era de apenas 10%.
O sociólogo ressalta, no entanto, que esse dado não significa a falta de fé em Deus, mas uma possível rejeição à religião enquanto instituição organizada, uma característica já observada em outros estudos.
“Isso pode ser o que explica por que 60% dos crentes admitem que seu relacionamento com Deus é administrado por conta própria e apenas 30% frequentam um edifício da igreja”, explicou Fortunato, segundo informações do Evangelical Focus.
Nos temas sociais como o aborto, os evangélicos também se mostraram mais pró-vida do que os católicos. Enquanto 22,3% dos católicos acreditam que a morte de bebês no ventre materno deveria ser um direito e 17,3% são contra o fim da vida, apenas 7,3% dos protestantes defendem a prática como um direito das mulheres.