Na Rússia, uma cristã resolveu reagir contra duas decisões judiciais que vetaram o seu direito à liberdade religiosa, depois que ela precisou abrigar em sua residência uma congregação evangélica. Como resultado, a mulher moveu um processo contra o governo que pode abrir um precedente histórico no país.
Olga Glamozdinova possui uma casa na vila de Veselyi, no sul da Rússia, mas ela foi multada em 10 mil rublos por abrigar uma congregação cristã em sua propriedade. O motivo? Segundo o governo, porque às terras da cristã foram regulamentadas apenas para o exercício de “agricultura particular” em 2017, segundo o Premier.
Nove meses depois da regulamentação, Olga recebeu a notificação da multa, alegando que ela havia feito o “uso da terra para fins não intencionais”.
Na prática, significa que o Estado proibiu a cristã de usar a sua própria residência como bem entender, muito embora “o direito de uma organização religiosa de realizar cultos em prédios residenciais é explicitamente previsto pela Lei Federal”, segundo o advogado Vladimir Riakhovsky.
Vladimir foi contratado por Olga para processar o governo. Ele explicou que a Rússia tem utilizado o argumento da utilização de terras para fins não regulamentados como forma de perseguição religiosa, visto que apenas a Igreja Ortodoxa Russa (IOR) é favorecida pelo governo, enquanto outras são vistas como uma ameaça.
De fato, a organização internacional Portas Abertas emitiu um comunicado confirmando o aumento da perseguição religiosa aos cristãos na Rússia, motivo pelo qual o país ficou em 2019 entre às 50 nações mais intolerantes do mundo, assumindo a 41° posição.
“Desde 2011 a Rússia não entrava para a Lista Mundial da Perseguição”, informou a Portas Abertas. “Este ano o país atingiu 60 pontos, nove a mais que em 2018, o que o levou a ocupar a 41ª posição. Três tipos de perseguição predominam no país e explicam por que ele entrou na Lista: opressão islâmica, paranoia ditatorial e protecionismo denominacional”.
“A legislação do país também é constantemente adaptada, tornando-se mais restritiva. Na região de Nizhny Novgorod, por exemplo, agências de reforço da lei pressionam os protestantes. Eles usam tanto emendas ‘antimissionários’ e leis de imigração para punir igrejas e seus membros”, acrescenta o comunicado.
Com isso, Olga Glamozdinova pode ter uma longa batalha judicial pela frente, no tribunal de São Petersburgo. No entanto, o simples fato da cristã ter reagido e estar movendo tal processo já chamou atenção de outras lideranças cristãs, o que é muito significativo, pois se ela vencer a causa contra o pagamento da multa, criará jurisprudência para que outros cristãos sigam o seu exemplo.