Cansados da série de ataques que têm sofrido de jihadistas do Estado Islâmico, uma minoria de cristãos no Iraque decidiu enfrentar seus algozes em defesa de suas vidas e suas famílias na província de Nínive. Um pequeno esquadrão de homens cristãos fugitivos, cansados de dar a outra face aos ataques, decidiram enfrentar os terroristas que os fizeram fugir das suas aldeias agora devastadas, onde saquearam suas casas e lançaram medo e horror.
A decisão veio após a queda de Monsul em junho passado, que resultou na dispersão de cristãos que transformou os crentes em eternos fugitivos da investida violenta do Estado Islâmico (ISIS).
– Perdemos tudo. Muitos optaram por fugir, mas os abusos que sofremos acabaram convencendo alguns da necessidade de nos defender, a nossa terra e a nossa gente – afirmou o cristão Odisho Yusef, um ex-soldado do exército iraquiano, ao El Mundo.
Yusef, de 58 anos, é o líder de um pequeno batalhão de cristãos autodenominado “Dwekh” (aqueles que se sacrificam, em tradução antiga do idioma assírio).
– Somos um pequeno exército composto por cristãos de diferentes partes da província de Nínive. Pegar em armas não foi uma decisão fácil, mas não havia outra escolha, para ser realista – argumenta.
Emanuel Khoshaba, secretário-geral do Partido Patriótico Assírio, uma das formações cristãs que operam na região autônoma do Curdistão, também comentou sobre a necessidade de uma resistência armada dos cristãos contra o Estado Islâmico.
– Temos cerca de 40 homens armados que estão preparados na linha de frente em Dohuk (uns 80 quilômetros de Monsul). Queremos enviar uma mensagem para o nosso povo. Não é o momento para nos exilarmos. É hora de defender a nossa terra – afirmou Khoshaba.
– Todas as armas foram adquiridas pelo partido e os jovens que se alistaram foram treinados pelo antigo exército iraquiano – ressaltou.
Yusef explica ainda que o grupo é apenas de defesa, e que a opção de comprar as armas surgiu diante do flagelo sofrido pelos cristãos.
– Queremos formar uma milícia. Queremos continuar a cooperar com ‘peshmerga’ (força que combate o ISIS) e necessitamos receber apoio da União Europeia e dos Estados Unidos – disse o líder dos cristãos combatentes.