Os “cristãos progressistas” no Brasil têm conseguido espaço e voz na grande mídia por conta de seu discurso alinhado ao secularismo, defendendo percepções politicamente corretas da fé e atacando valores fundamentais da fé bíblica. Diante disso, o pastor Franklin Ferreira publicou artigo enumerando características desse grupo.
Ferreira é presidente do conselho do movimento Coalizão Pelo Evangelho e dirige a Igreja da Trindade e o Seminário Martin Bucer. Recentemente, foi citado pelo pastor Ronilso Pacheco, adepto da “teologia negra”, em um artigo no The Intercept, acusando-o juntamente a outros dois líderes evangélicos, Renato Vargens e Tiago Santos, de atacarem o movimento Black Lives Matter, que vem sendo questionado também por pastores tradicionais nos Estados Unidos.
Como o embate entre o grupo da Coalizão Pelo Evangelho e Ronilso Pacheco se estende a meses, Ferreira fez um resumo das principais características dos “cristãos progressistas” e suas divergências com a tradição teológica cristã.
Segundo Franklin Ferreira, uma “ruptura com a crença consensual cristã pode ser encontrada numa consulta aos livros, artigos, ensaios e apostilas sugeridos ou publicados por estes e que ilustram a ruptura com a fé entre muitos dos ‘cristãos progressista’ brasileiros”.
O problema da influência do progressismo na igreja evangélica é extenso, na avaliação do pastor:
“Há em nosso país várias faculdades teológicas e instituições que também disseminam tal incredulidade. Deve-se deixar claro que os ‘cristãos progressistas não estão questionando questões secundárias ou não-essenciais à fé. Eles romperam com ‘aquilo que foi crido em todo lugar, em todo tempo e por todos [os fiéis]’ (Vicente de Lérins), a fé comum a cristãos católicos, protestantes e pentecostais”.
Em seguida, Franklin Ferreira pondera que a “ruptura com a tradição cristã mais ampla” leva obrigatoriamente a uma pergunta: “Como reconhecer esses ditos ‘progressistas’ como cristãos?”.
“Estes ‘cristãos progressistas’ tornam absoluta toda a agenda atrelada aos anseios hegemônicos da esquerda e extrema-esquerda, defendendo ferrenhamente a união homoafetiva e a redefinição do conceito de família; a defesa do aborto; a liberalização das drogas; o antissemitismo e antissionismo, e Israel como um ‘estado terrorista’; a divisão marxista da sociedade em categorias de opressor e oprimido/vítima; uma política identitária que divide a sociedade, sem nenhum interesse em reconciliação; a crença de que ‘todos os homens brancos são responsáveis pela opressão branca’ e que o homem branco cristão é o opressor, ‘o diabo’ (James Cone), e ‘a igreja ‘branca’ é o Anticristo’ (Jeremiah Wright)”, elencou o pastor.
Este mesmo grupo promove “a satanização dos opressores e imposição aos indivíduos de pagar por opressões históricas das categorias a que pertencem” e tratam quem deles discordam como “fascistas, homofóbicos, racistas, misóginos etc”, acrescentou Ferreira.
O pastor também indicou que os “cristãos progressistas” se apegam à “fé de que o Estado controlador, sob o domínio do Partido, pode moldar e controlar a sociedade civil, levando-a a um milênio secularizado”.
“Este é todo o ‘evangelho’ que os ‘cristãos progressistas’ têm para oferecer. Em síntese, ‘cristãos progressistas’ dizem que admiram Martin Luther King, mas agem como Malcom X. […] No fim, os ‘cristãos progressistas’ se submetem a uma Ideia, não à Revelação. Por isso, não podem ser considerados evangélicos. São mais próximos do gnosticismo do que do cristianismo. Portanto, devem ser caracterizados como ‘cavalos de Troia’ dentro da igreja cristã”, avaliou Franklin Ferreira.
O artigo se encerra com um alerta: “A igreja cristã no Brasil precisa entender que o mesmo adversário que parasitou e predou a igreja na América do Norte e na Europa está presente em nosso país, e luta com todas as forças para seduzir alguns em nosso meio”.