O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) compareceu ao Gideões Missionários da Última Hora, atendendo ao convite do pastor Reuel Bernardino. No discurso, Bolsonaro agradeceu a oportunidade e às pessoas do meio evangélico que o tem orientado em sua pré-campanha à presidência, além de salientar o valor da família e a necessidade de defendê-la.
Após a execução do Hino Nacional, Bolsonaro abriu seu discurso apresentandando-se como alguém que entende os conceitos do público presente: “Eu sou igual a vocês: mesma carne, mesma vontade, a mesma fé. A mesma vibração quando escuta o nosso Hino Nacional. Temos uma mesma bandeira, essa é a nossa pátria”.
“Ano passado estive em Israel. Foram nove dias, e lá eu vi o que eles não têm, e o que eles são. Quando a gente volta para o Brasil, a gente vê o que nós temos, e o que não somos. O que precisamos para fazer o nosso povo feliz? Entendo eu que o Brasil precisa eleger um homem ou uma mulher que seja honesto, patriota e acima de tudo tenha Deus em seu coração”, analisou.
O discurso do deputado federal foi, basicamente, sobre a defesa da família e as origens da sociedade ocidental, alicerçada em valores construído a partir da moral judaico-cristã, e a importância de reduzir a intromissão do Estado na forma como as famílias se organizam para transmitir a educação aos filhos.
“O Estado é laico, mas a grande maioria da nossa população é judaico-cristão. Me orgulho em dizer que sou temente a Deus, que sempre fui temente a Deus. A minha origem é católica, mas sou casado com uma evangélica, que me acompanha aqui. Em grande parte, é ela a minha âncora. Juntos decidimos o futuro de nossa filha, e eu tenho o prazer de dizer que com ela, depois de quatro homens, eu tenho uma filha de sete anos de idade. Não existe coisa mais maravilhosa no mundo do que ter uma filha”, afirmou.
O parlamentar derreteu-se falando de sua caçula: “Por muitas vezes um homem torce por um garoto, mas depois que ele sente a graça de ter uma menina, ele vira – respeitosamente – bobo. Mas essa é a família brasileira. Esses valores não podem ser apagados pela política. Não podem querer botar na cabeça de nossos filhos que eles vão decidir ser menino ou menina depois de 13, 14 anos de idade”, acrescentou, sendo ovacionado pelos fiéis, que o chamaram de “mito”.
A oposição à ideologia de gênero, apontou Bolsonaro, é um valor inegociável: “A minha filha vai ser mulher, e meus filhos são homens! Por vezes, não se entende porque na política, ou pela política, querem mudar isso. Muitas vezes falam ‘não se deve misturar religião com política’. Acima de tudo, somos cidadãos, temos mais do que um direito, a obrigação de votar, e nós devemos sempre escolher quem é semelhante a nós”.
A ênfase na proteção à infância foi reiterada pelo capitão da reserva do Exército: “Lembro da minha juventude (estou com 63 anos). A religião católica era predominante. Meu pai, junto com a minha mãe – o que era muito comum na época – [tinham] um quadro grande de Jesus Cristo. Ele de braços abertos, e na frente, crianças, e embaixo escrito ‘bem-vindo as criancinhas’. A religião, a fé, é de cada um. Eu acredito em Deus, mas hoje as criancinhas não são tradadas com esse respeito por grande parte dos governantes”.
“A base da sociedade é a família. O maior patrimônio que nós temos são os nossos filhos. O que vocês têm são os seus filhos. Nós queremos os nossos filhos melhores do que nós. E para tal, além do empenho de cada um na educação em casa, temos que ter governantes, em especial o presidente da República, que não interfiram nessa questão familiar”, comentou.
O papel dos legisladores, segundo Bolsonaro, precisa ser corrigido através do voto para evitar que os pais se tornem reféns de influências externas e não possam cumprir seu papel de formadores de caráter.
“Quando vemos aprovar leis como a lei da palmada, onde pune um pai e uma mãe que muito a contragosto se vê obrigado às vezes a dar um tapa no bumbum do filho, esse Estado não é o que nós queremos. Ninguém mais do que nós quer o bem dos nossos filhos. Ninguém mais do que nós quer ter o prazer de chegar em casa, dar um abraço na esposa, filho, ou teu esposo, e falar sobre família, e tomar conhecimento que na escola não se trata de ideologia de gênero”, reiterou.
“Podem ter certeza: não estou em campanha. Vim aqui a convite de irmãos, estou muito feliz com isso. Mas, fora daqui, quase tudo que acontece em nossas vidas passa pelas Casas legislativas e decisões de chefes do Executivo. Família em primeiro lugar. Uma família forte, saudável, é lucrativa para o Estado, dá satisfação a todos nós. Nos deixa de cabelos brancos, sim, mas depois de 60 anos de idade, como é meu caso agora”, acrescentou o deputado.
Próximo ao fim do discurso, lembrou que sua relação com o meio evangélico vem de longa data e que tem sido mais intensa nos últimos anos, já que se casou com uma evangélica. “Eu frequentei a Igreja Batista por muito tempo, hoje voltei, porque minha esposa é batista. Não frequento da maneira como [ela] acha que deveria fazê-lo, mas fico muito feliz em ter alguém que me dá aquele abraço amigo, um norte nos momentos difíceis, alguém que aceitou eu ficar muito ausente da minha casa para buscar um local que entendo ser a missão de Deus [para mim]. O nosso Brasil está doente, mas ele será curado”, disse.
“A cruz é pesada, mas Ele não nos dá um peso maior do que possamos carregar. E esse peso eu não vou carregar sozinho. Eu vou carregar com todos vocês. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos. Muito obrigado”, concluiu.