As igrejas evangélicas brasileiras costumam promover entre seus membros reuniões em que se prega a ajuda divina de forma incondicional. Chamado de culto da vitória, esses encontros geralmente abrem espaço para a difusão de abordagens teológicas controversas.
Um pastor decidiu compartilhar uma reflexão sobre o assunto e listou cinco motivos pelos quais o tema culto da vitória não condiz com o Evangelho e com as bases da Reforma Protestante, movimento que deu origem às igrejas evangélicas que conhecemos atualmente.
Renato Vargens, que é escritor, líder da Igreja Cristã da Aliança, em Niterói (RJ) e palestrante, usou seu blog para publicar um artigo em que aponta questões cruciais que envolvem o culto da vitória e se chocam com os princípios cristãos.
“Em boa parte das igrejas neopentecostais, pentecostais e até mesmo históricas, tornou-se comum cultos onde o foco não é a glória de Deus, mas, sim a satisfação das necessidades do freguês”, comenta o pastor.
De acordo com Vargens, existem “cinco motivos básicos” porque não há base bíblica para a organização dos chamados cultos da vitória: “Os cultos da vitória, não são focados em Cristo, mas sim exclusivamente nos fieis, demonstrando com isso, um viés absolutamente antropocêntrico”, observa.
O antropocentrismo, de forma sucinta, é uma filosofia que atribui ao ser humano uma posição de centralidade em relação a todo o universo, seja como um eixo ou núcleo em torno do qual estão situadas espacialmente todas as coisas. Esse pensamento era comum no meio cristão na Idade Média, período que antecedeu a Reforma Protestante.
“Os cultos da vitória geralmente fundamentam-se na espúria e falsa teologia da confissão positiva e prosperidade, fazendo de Deus um mero instrumento de bênçãos”, diz Vargens, apontando o segundo motivo.
O terceiro ponto que o pastor destaca é que “Os cultos da vitória incentivam, ainda que entrelinhas, a prática da simonia”, uma prática tida como ilícita que se baseia no “dar para receber”, como as famosas “bênçãos” proferidas por pastores, bispos e “apóstolos” contemporâneos.
“Os cultos da vitória em sua essência, promovem a prática moderna das indulgências, onde mediante generosas contribuições, Deus concede ao crente bençãos sem medida”, acrescenta o pastor, listando o quarto motivo e reiterando o equívoco descrito como simonia.
“Os cultos da vitória disseminam o falso ensino que tendo fé na fé, é possível dar ordens a Deus, determinando assim, mediante decretos espirituais as ações do Altíssimo”, diz, lembrando que também não existe “base bíblica para a ‘nomeação’ de cultos, o que lamentavelmente, tornou-se comum nas igrejas.
“Para nossa tristeza já vi cultos com todos os focos possíveis, como deste prosperidade, até a unção divina para arrumar namorado […] Cultos devem ser somente para a glória de Deus e não para a satisfação das vontades de homens”, encerra o pastor, aconselhando a partir da reflexão.