A Seleção Brasileira tem, desde 2016, uma diretriz que proíbe a realização de cultos entre os jogadores, na concentração. Não há vetos a reuniões realizadas nas folgas, fora do ambiente de trabalho. E na Copa do Mundo da Rússia, não vai ser diferente.
No último domingo, 03 de junho, a Seleção disputou um amistoso contra a Croácia e venceu por 2×0. Autor de um dos gols, Neymar usou as redes sociais para expressar sua gratidão a Deus por ter voltado de lesão sem maiores sobressaltos: “Para Ti toda honra e toda glória, meu Deus”, escreveu o atacante.
Além de Neymar, outros jogadores são evangélicos. O goleiro Alisson, titular sob o comando de Tite, deixa como referência em sua bio no Instagram a frase “Deus é Fiel”. O zagueiro Thiago Silva, capitão da Seleção em 2014, usou sua página para publicar uma foto do tratamento com gelo após o jogo de domingo e afirmou: “Deus no controle”.
Todas essas publicações são apenas uma amostra de um grupo que é apegado à fé para superar adversidades. O meia-atacante Willian, que joga pelo Chelsea e mora em Londres, aproveitou uma folga durante os preparativos da Seleção na capital inglesa e foi encontrar-se com o pastor da congregação que frequenta no dia-a-dia.
Motivo do veto
Os cultos passaram a ser proibidos entre os atletas na concentração depois de um episódio em Boston (EUA), em 2015, quando o pastor Guilherme Batista realizou um culto no hotel da Seleção sem autorização da CBF. De quebra, Batista tirou uma foto com Dunga, fora do contexto da reunião, e publicou nas redes sociais.
Na ocasião, o chefe de segurança da Seleção foi demitido e o coordenador Gilmar Rinaldi anunciou a proibição. “Respeitamos todas as preferências e, na folga, cada um pode fazer o que quiser. Só que, na concentração, eu não quero mais. Nem pastor, nem pai de santo, ninguém. A seleção não pode ter mais do que um grupo. Na parte interna, ela é laica. Não é lugar de religião. É de trabalho”, contou Gilmar Rinaldi ao jornal O Globo, relatando como foi a conversa com os atletas na ocasião.
Edu Gaspar, sucessor de Rinaldi, mantém a postura, o que não significa que o ambiente seja hostil à religiosidade do grupo. O próprio técnico Tite é muito religioso. Católico, ele foi a um templo da Igreja Ortodoxa Russa fazer suas orações quando esteve em Moscou para o sorteio da Copa.
Jornalistas que acompanham a Seleção em seus preparativos para a Rússia relatam que, nos vestiários, o grupo é livre para fazer suas orações antes de cada partida, pedindo por proteção contra lesões e agradecendo por poder representar a Seleção em campo.