Senadora eleita pelo Distrito Federal, a ex-ministra Damares Alves se tornou alvo de uma ação de advogados, por mais absurdo que pareça, por denunciar casos horrendos de pedofilia no Brasil, envolvendo crianças entre três e quatro anos de idade.
As denúncias de Damares foram feitas durante um culto na Igreja Assembleia de Deus Ministério Fama, em Goiás, no último dia 08. De acordo com a ex-ministra, suas revelações foram possíveis nesse local devido à proteção constitucional no tocante à liberdade religiosa.
“Vou contar uma coisa para vocês, algo que agora eu posso falar. Nós temos imagens de nossas crianças brasileiras, de três, quatro anos, que quando cruzam as fronteiras sequestradas, os seus dentinhos são arrancados, para elas não morderem no sexo oral”, afirmou Damares.
“Essa é a nação que ainda temos irmãos. Descobrimos que essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre na hora do sexo anal”, continuou a senadora eleita, argumentando ainda que a forte oposição ao atual presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), seria por razões espirituais.
Damares lembrou do que viu durante a sua atuação como ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos. “Quando abri as gavetas do ministério eu me apavorei. Estava sendo escondido de nós dados, como por exemplo, desaparecem no Brasil entre 9 e 11 mil crianças por ano”, disse ela.
“É espiritual, irmãos! Onde estão essas crianças? Bolsonaro disse ‘vamos para a fronteira, fechar as fronteiras’ e eu fui para a Amazônia”, destacou, citando regiões fronteiriças do Brasil como pontos de evacuação do tráfico humano infantil.
Reações
Por causa da sua fala, Damares Alves passou a ser alvo do grupo Prerrogativas, que reúne advogados e juristas notadamente apoiadores da esquerda política brasileira. Seus membros ingressaram no Ministério Público Federal (MPF) e no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo que a ex-ministra seja investigada.
Isso porque, um dos argumentos é de que a ex-ministra teria cometido prevaricação ao não denunciar os casos que tomou conhecimento, muito embora Damares tenha indicado de forma clara, em sua fala, que a ordem do governo foi para combater os casos de pedofilia.
“Bolsonaro disse ‘nós vamos atrás de todas elas [das crianças]’ e o inferno se levantou contra este homem”, disse a ex-ministra na mesma ocasião em que fez a denúncia. Mas, para Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, Damares também pode estar “banalizando” os casos de pedofilia no Brasil.
“Se as declarações de Damares não forem verdadeiras, é também muito grave, pois a ex-ministra estaria banalizando um problema muito sério [o estupro de crianças] que é responsabilidade de todo e qualquer brasileiro combater esse tipo de violência”, declarou Carvalho, segundo o Estado de Minas.
O vídeo com o trecho das denúncias de Damares viralizou nas redes sociais, causando forte repercussão. Na gravação, a ex-ministra também defende o seu direito constitucional de fazer tais declarações, afirmando que a sua posição, na igreja, não foi a de senadora, mas a de pastora.
“Eu estou falando com a minha igreja, e eu tenho um manto constitucional para me expressar dentro da minha igreja. Tem coisas que não posso falar lá fora, mas aqui eu tenho a liberdade constitucional de manifestar a minha fé”, afirmou. Assista:
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