Uma das igrejas alternativas mais antigas está completando 25 anos de vida, sem sofrer influência dos modismos que frequentemente surgem no meio evangélico. A Igreja Metanoia, comandada pelo pastor Enok Galvão de Lima, 52 anos, é voltada para um público bem específico: “A galera do heavy metal”.
Fundada em 1990 no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), a denominação é um reduto de cristãos com estilo alternativo, mas não menos comprometidos com a comunidade de fé.
Com cerca de 30 membros, que contribuem com dízimos e ofertas para custear a igreja, o espaço tem decoração completamente diferente da maioria das igrejas, frases de efeito e som pesado. O público frequente já foi três vezes maior, segundo o pastor, mas “a pressão do mundão é muito forte”, e terminou por afastar parte dos fiéis.
Em entrevista ao Uol, o pastor Lima contou que o aluguel do salão de 240 m² custa R$ 1.000, além das despesas com água e luz. Os frequentadores é que mantém a denominação há 25 anos com suas contribuições.
Lima fundou a Metanoia pois sentia falta de um espaço que não o privasse de ouvir seu estilo preferido. Ele havia começado a ouvir rock dez anos antes, quando chegou de Natal (RN). Em 1983, quando se converteu ao Evangelho na Igreja Evangélica Congregacional, não via sentido em deixar “o som” de lado: “Fui, gostei e aceitei a proposta. Só não larguei o rock”.
Com o tempo, notou que faltava espaço para pessoas que, como ele, queriam um espaço que não exigisse adequações estéticas: “Por ser roqueiro, eu percebi que o pessoal do rock teria como vir para Deus associando a cultura e a música dentro do Evangelho. Para a gente, o heavy metal não é coisa do diabo. Somos seguidores de Jesus, sem os dogmas e a paranoia de religião”, resumiu.
Hoje, a igreja promove cultos dominicais, reuniões de oração e eventos musicais. A mensagem pregada lá é objetiva e não foge do que se ouve num púlpito tradicional: “No evangelho, a própria palavra de Jesus ensina que não devemos nos embriagar, que o nosso corpo é o templo de Deus. Então tudo aqui que vem para nos destruir, a gente evita”, disse, referindo-se às drogas, antes de destacar que também recomenda que os fiéis escolham esperar o casamento para desfrutar do sexo.