A deputada cristã Päivi Räsänen está sendo processada por expressar firmemente sua convicção nas verdades bíblicas, incluindo a doutrina que define a prática homossexual como pecaminosa.
Após prestar depoimento, afirmou que se sente “privilegiada” por ser processada por defender as Escrituras.
Päivi Räsänen, 62 anos, foi interrogada pela Polícia por mais de 13 horas e questionada sobre como interpreta as cartas do apóstolo Paulo na Bíblia.
Agora, ela comparecerá ao tribunal na próxima segunda-feira, 24 de janeiro, para ser julgada por acusações criminais por expressar sua crença no casamento e na sexualidade.
Ela escreveu um livreto em 2004 sobre ética sexual descrevendo o casamento entre um homem e uma mulher, e também expressou suas opiniões em um programa de rádio de 2019. Na mesma ocasião, criticou a liderança da Igreja Luterana Finlandesa por participar da Parada Gay naquele ano.
“Achei um privilégio ter esse tipo de discussão com a Polícia. Tive muitas vezes durante essas horas a possibilidade de contar à polícia a mensagem do Evangelho, o que a Bíblia ensina sobre o valor do ser humano, que todas as pessoas são criadas à imagem de Deus e por isso todas são valiosas”, declarou a deputada.
Ela concedeu uma entrevista à entidade Alliance Defending Freedom International, uma organização legal sem fins lucrativos especializada em casos de liberdade religiosa e que apoia a deputada, que também já foi Ministra do Interior em seu país entre 2011 e 2015.
“Foi como dar um estudo bíblico para a Polícia”, acrescentou Päivi Räsänen, que é casada com um pastor e mãe de cinco filhos.
Sobre os motivos que a levaram ao interrogatório, a deputada declarou se sentir em “tempos soviéticos”, numa referência ao regime totalitário e comunista que governou países como a Rússia e Ucrânia ao longo do século XX.
“Eu nunca poderia imaginar quando trabalhei como ministra do interior e estava no comando da Polícia que seria interrogada e faria esse tipo de pergunta em uma delegacia de Polícia”, desabafou a deputada cristã.
Päivi revelou que os interrogadores questionaram se ela estava disposta a “renunciar” aos conceitos escritos em seu livreto: “Respondi que vou me apoiar no que acredito e vou falar sobre essas coisas e escrever sobre essas coisas também no futuro, porque são uma questão de convicção, não apenas uma opinião”, disse ela.
Três acusações de agitação étnica por declarações expressando suas crenças sobre a sexualidade humana e o casamento pesam contra a deputada. A bispa da Missão Evangélica Luterana, Juhana Pohjola, também está sendo processado, acusada de “agitação étnica” por publicar o livreto de Päivi.
Os promotores da Finlândia determinaram que as declarações anteriores da parlamentar depreciam e discriminam indivíduos LGBT e fomentam a intolerância e a difamação, enquanto ela reitera suas manifestações, afirmando que são “legais e não devem ser censuradas”, de acordo com informações do portal The Christian Post.
“Não posso aceitar que expressar minhas crenças religiosas possa significar prisão. Não me considero culpado de ameaçar, caluniar ou insultar ninguém. Minhas declarações foram todas baseadas nos ensinamentos da Bíblia sobre casamento e sexualidade”, finalizou.