O deputado federal e pastor Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) acusou colegas da bancada evangélica de usarem a coletividade religiosa na Câmara dos Deputados para obter vantagens pessoais.
A cisão entre os integrantes da bancada evangélica surgiu após a votação que elegeu Rodrigo Maia (DEM-RJ) presidente da Câmara, na última semana. O parlamentar carioca derrotou Rogério Rosso (PSD-DEM), que era apoiado pela maioria dos colegas evangélicos.
Maia não foi apoiado pelos evangélicos porque foi um dos apoiadores do extinto projeto de lei 122/2006, que a título de combater a homofobia, estabelecia censura à pregação cristã sobre a homossexualidade.
Parlamentares como o pastor Eurico da Silva (PHS-PE) e Marco Feliciano (PSC-SP) fizeram campanha intensa contra Maia, assim como o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, João Campos (PRB-GO), que fechou apoio a Rosso.
“Não foi só o centrão que saiu rachado da eleição de Rodrigo Maia: a bancada evangélica também. Os evangélicos favoráveis a Rodrigo Rosso atacaram Sóstenes Cavalcante – o deputado eleito com a ajuda de Silas Malafaia – pelo apoio a Rodrigo Maia, seu colega de partido. Pastor Eurico, do PSB, por exemplo, criticou Sóstenes e Malafaia a outros deputados dizendo que Maia não ‘merecia o voto cristão’ por ter sido o autor do requerimento que pedia urgência na votação de um projeto de 2006 de combate à homofobia”, noticiou o jornalista Guilherme Amado, do jornal O Globo.
Depois que a notícia sobre as críticas de Eurico a Sóstenes foram ao ar, o afilhado político de Malafaia disparou contra os colegas da bancada evangélica, afirmando que “a atitude do deputado Pastor Eurico é choro de perdedor”.
De acordo com Sóstenes, o presidente da Frente Evangélica, João Campos, decidiu apoiar Rosso sem consultar a todos os deputados evangélicos. “Para piorar, alguns deputados da frente negociaram a Secretaria de Comunicação com Rosso em caso de vitória. A Frente Evangélica não foi criada para ‘negociatas’. Acho que alguns estão querendo se aproveitar dela para isso”, acrescentou.
O mais provável é que Sóstenes Cavalcante tenha votado em Maia porque são do mesmo partido, Democratas, e existia uma aliança da legenda com o PSDB, para eleger o novo presidente da Câmara.