A derrota de Marina Silva (PSB), que ficou fora do segundo turno das eleições presidenciais após uma queda vertiginosa nas pesquisas de intenção de voto nas últimas semanas que antecederam o pleito, foi analisada pela imprensa, que apontou os fatores principais do declínio.
“Marina desabou na pior hora: quando as chances de recuperação são mínimas, dado o limite do tempo. É como levar um gol no finalzinho do jogo”, opinou o jornalista Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo.
Nogueira entende que o começo da derrocada de Marina Silva aconteceu justamente através do Twitter do pastor Silas Malafaia contra o casamento gay e a adoção de crianças por casais homoafetivos, itens previstos numa versão supostamente não revisada do programa de governo de Marina.
“Longe do plano divino, Marina começou a cair quando piscou diante de quatro tuítes de Malafaia. Malafaia manifestou revolta contra os termos do programa de Marina em relação à comunidade LGBT. Ameaçou tirar o apoio. Rapidamente, com uma explicação que não convenceu ninguém, o programa de Marina foi alterado para agradar Malafaia. Foi um gesto fatal. Ali Marina mostrou um traço de personalidade que seria explorado com sucesso tanto por Dilma quanto por Aécio: a instabilidade, a hesitação, a dificuldade em lidar com pressão. O eleitor percebeu”, escreveu Nogueira.
O desgaste da campanha, que faz o candidato percorrer o país diversas vezes em longos voos, também afetaram Marina Silva, tirando-lhe o gás necessário, segundo o jornalista: “Nos dois últimos debates, Marina estava claramente exaurida mental e fisicamente. Parecia torcer que para que tudo acabasse o mais rápido possível”.
A BBC publicou a análise da jornalista Ruth Costas, que dentre outros fatores, apontou o pouco tempo na TV, a imagem frágil da candidata e os ataques dos adversários como pontos principais da derrota.
“No primeiro turno, a candidata teve dois minutos, Aécio, quatro e Dilma, 11 […] Os esforços do PT e PSDB para pintar a candidata como uma líder política frágil, incapaz de lidar com as dificuldades e críticas enfrentadas por quem está no poder, também parecem ter surtido efeito. Contribuiu para reforçar essa imagem o fato de Marina ter chorado ao comentar sobre as críticas do ex-presidente Lula a uma repórter do jornal Folha de S. Paulo”, escreveu Costas.