O ex-presidente Lula (PT) mais uma vez usou a fé cristã para promover-se politicamente, afirmando acreditar que “Deus é petista”. Essa é mais uma declaração em uma série de manifestações em que o político coloca Deus a serviço de suas aspirações.
“Sinceramente, de vez em quando eu fico imaginando que Deus é petista, sabe? Porque permitir que a Gleisi dirija o PT com a competência que ela dirige significa que ela é muito madura, muito responsável e muito competente”, disse Lula em entrevista à rádio Lagoa Dourada.
O jornalista Augusto Nunes, da Jovem Pan News, considerou a declaração do ex-presidente como “uma ofensa gravíssima”.
“Se ele acreditasse em Deus, ele estaria se condenando. É um tremendo pecado mortal. Lula não tem a menor chance no dia do juízo final, não é? Ele faz o possível para não ter, porque agora ele chega a Deus pelo caminho da Gleisi. Aí não dá, né?”, criticou o comentarista político de Os Pingos nos Is.
Ana Paula Henkel, outra comentarista do programa, disse ser “difícil” ouvir a voz do ex-presidente, principalmente ao afirmar que “Deus é petista”: “Cara de pau. Ele fala as coisas sem corar, sem ter o menor pingo de vergonha”.
Visão comunista
Em janeiro de 2020, Lula – após deixar a cadeia em Curitiba (PR) após 580 dias – afirmou que seu plano para o Partido dos Trabalhadores era aproxima-lo dos evangélicos, e deixou transparecer que, em sua visão, o Estado se equipara a Deus.
“O que o PT tem que entender é que essas pessoas [evangélicos] estão na periferia, oferecendo às pessoas pobres uma saída espiritual. As pessoas estão ilhadas na periferia, sem receber a figura do Estado. E recebem quem? De um lado, o traficante. De outro lado, a Igreja Evangélica, a Igreja Católica”, afirmou, transparecendo a equivalência que ele faz entre Deus e o Estado.
Já nessa ocasião, Lula antecipava os passos que seu partido daria na tentativa de atrair os cristãos evangélicos: “Eles estão entrando na periferia, porque o povo, quando está desempregado e necessitado, a fé dele aumenta. Essa fé, do povo brasileiro, é muito grande e nós temos que respeitar. E ao invés de sermos do contra, temos que saber como é que a gente lida com esse novo modo de pensar do povo brasileiro. Inclusive de pensar a religião”, declarou.
Lula aposta na curta memória do eleitorado em relação aos escândalos de corrupção que sangraram as contas públicas: “Tenho dito que o PT precisa voltar para a periferia para aprender a conviver com esse movimento. O que é a Igreja Pentecostal, hoje no Brasil? O que eles representam? Já são 30% ou 35% da população religiosa. No começo do século passado, era praticamente zero”, contextualizou.
“E o pentecostal da prosperidade têm uma linguagem fácil para conversar com o povo. Porque você tem, de um lado, o autor de todos os problemas, que é o diabo, e a solução toda, que é Deus. E se não tiver solução, o cara é culpado porque não tem fé”, acrescentou, repetindo um discurso feito em 2015, em que tripudiava da pregação dos pastores evangélicos.