Diego Hypolito, ginasta medalhista olímpico, falou publicamente sobre sua orientação homossexual e disse que por ter sido criado na igreja, acreditava que era uma pessoa amaldiçoada vivendo em pecado, e isso o fez manter sua sexualidade em segredo.
Atualmente se preparando para disputar uma vaga na equipe de ginástica do Brasil nas Olimpíadas de Tóquio em 2020, o atleta revelou que não falava sobre sua homossexualidade nem com a família, e que por conta disso, desenvolveu síndrome do pânico e problemas de auto-estima, além de frequentar baladas LGBT disfarçado.
“Fui criado na igreja, tenho uma tatuagem de Jesus crucificado no braço, até hoje frequento cultos da Bola de Neve todas as quintas-feiras. Eu tinha vergonha porque na minha cabeça ser gay era ser um demônio, um ser amaldiçoado que vive em pecado. Quando eu tinha uns dez anos, um treinador foi dizer para a minha mãe que ela devia mudar minha educação para que eu não virasse gay. Ela veio falar comigo, preocupada. Eu era muito inocente, nem sabia o que era isso. Mas isso me marcou”, afirmou o atleta.
Numa entrevista ao portal Uol, Hypolito disse que tinha medo de perder oportunidades no esporte que optou por praticar, assim como patrocinadores. “Eu vivi a solidão de não ter ninguém com quem eu pudesse compartilhar os dilemas de ser uma pessoa gay numa sociedade preconceituosa. Por mais que todo mundo tenha a impressão de que tem muito gay na ginástica, não tem. Todo mundo me zoava, zombava do meu jeito. Eu tinha o sonho de conseguir uma medalha olímpica e faria de tudo para chegar lá, até esconder quem eu era. Eu tinha certeza que se um dia eu saísse do armário publicamente, perderia patrocínios e minha carreira seria prejudicada”, afirmou o ginasta de 32 anos.
Após decidir falar com os familiares sobre o assunto em 2014, Hypolito disse ter sofrido com a reação dos pais, o que o levou a se afastar e, inclusive, perder uma celebração de Natal. Segundo ele, durante esse tempo, sua irmã Daniele, ex-atleta, se manteve próxima.
Na entrevista, ele falou sobre a importância da terapia para decidir expor sua orientação: “Não escolhi ser gay, porque ser gay não é uma escolha. É simplesmente o que eu sou, e isso não vai mudar os valores que eu tenho e que construí junto da minha família”.
Diego Hypolito contou, na psicologia, com uma ajuda que atualmente é negada aos homossexuais egodistônicos. Como ele buscava sua afirmação como homossexual, pode ser atendido por psicólogos. Mas, se ele buscasse terapia por se sentir desconfortável com a atração sentida por pessoas do mesmo sexo, esse atendimento não poderia ser prestado devido a uma resolução do Conselho Federal de Psicologia.
“Quero que as pessoas saibam que eu sou gay e que eu não tenho vergonha disso. E não é porque eu sou que outras pessoas vão querer ser. Isso não tem nada a ver. Já vivi muitos anos pensando no julgamento que os outros fariam sobre mim. Hoje só aceito ser julgado por Deus”, finalizou.