O divórcio é uma solução drástica para um casamento problemático ou que tenha passado por um forte trauma, como uma traição, por exemplo. No meio evangélico, ao longo de décadas, essa escolha sempre foi desencorajada pelos líderes, mas hoje, a proporção de casais cristãos que se separam é a mesma constatada em outros setores da sociedade.
A informação foi divulgada pelo Barna Group, instituto de pesquisa que se dedica a estudar o ambiente cristão e seu impacto na sociedade, assim como a influência da cultura secular entre os evangélicos.
O estudo constatou que a maioria dos evangélicos adultos são casados (67%). Numa comparação direta com outras tradições do cristianismo, a taxa de fiéis evangélicos que adotam o matrimônio é superior: a média registrada foi de 59%. Essa média também é maior que os 52% registrados na sociedade como um todo.
O que chama a atenção, no entanto, é que o percentual de divorciados, 25%, é o mesmo entre evangélicos, católicos e pessoas de outras religiões ou sem afiliação religiosa.
A pesquisa colheu a opinião dos cristãos em geral sobre “viver junto”, e descobriu que aproximadamente 41% dos entrevistados entendem ser “uma boa ideia morar com o parceiro antes do casamento”. Entre as pessoas sem religião, a coabitação é aprovada por 88% dos entrevistados.
Porém, se o mesmo dado for observado levando em consideração apenas os evangélicos, a aprovação à vida a dois sem o casamento cai para 6%. O principal argumento dos que discordam dessa opção fica na esfera dos “motivos religiosos”: 34% dos entrevistados foram contra essa conduta de vida.
Os pesquisadores foram além e questionaram aos entrevistados se, no futuro, em circunstâncias diferentes das atuais, experimentariam “viver junto” com o parceiro, e a resposta foi esmagadoramente contrária: 75% disseram que jamais aceitariam essa situação.
A editora-chefe do Barna Group, Roxanne Stone, comentou o resultado da pesquisa e afirmou que a sociedade incentiva as pessoas uma espécie de teste: “Embora já tenha sido visto como o desfecho dos relacionamentos românticos, o casamento parece estar em debate. Os ‘ensaios’ e ‘erros’ agora podem ser testados antes do casamento”, disse, comentando o senso comum entre os não-cristãos.
Como forma de aplicar na prática o conhecimento adquirido com a pesquisa, Roxanne sugere que pastores e demais líderes cristãos abordem essas mudanças em sua rotina com a congregação: “Você fala sobre os benefícios e riscos do namoro virtual? Você está tendo conversas francas sobre sexo? Você consegue oferecer uma razão plausível para as pessoas não morarem juntas antes do casamento?”, questionou.
“As igrejas, muitas vezes, têm medo de abordar estas questões fora do grupo de jovens — mas, cada vez mais, os jovens adultos precisam deste tipo de orientação. Eles são céticos em enxergar a Igreja como algo relevante para suas vidas”, disse Stone, mostrando que a comunidade de fé precisa oferecer ideias práticas para as pessoas enfrentarem seus desafios.