“Dos males o menor”: esse tem sido, por muitos anos, o eixo norteador dos cristãos nas eleições. De certa forma, é natural, já que a humanidade tende ao mal desde a queda no Éden. Entretanto, um escritor cristão elencou pontos que podem ajudar a decidir em quem votar quando nenhum dos candidatos agrada.
“Desde os variados interesses especiais que exercem influência nos bastidores até o fato inegável de que muitas vezes ficamos com candidatos que exibem defeitos de caráter evidentes, a ideia de votar em nossos valores como cristãos pode parecer um empreendimento assustador”, escreveu Jason Mattera.
O autor, que possui livros citados nas listas dos mais vendidos do jornal The New York Times, afirmou que a sabedoria popular na frase “dos males o menor” é uma forma de reconhecer que os candidatos “ficam aquém de nossos padrões bíblicos de alguma forma”.
Os problemas, muitas vezes, são questões preocupantes como “corrupção, más ideias e liderança problemática”, segundo Mattera, que acrescentou: “Da melhor maneira possível, devemos buscar a aplicação dos princípios bíblicos a todas as áreas da vida, o que inclui o domínio da política”.
Como, então, os cristãos devem avaliar as próximas eleições ao avaliar quem apoiar nas urnas? Segundo o escritor, dentre os temas mais discutidos atualmente, o cristão deve estabelecer como padrão inegociável que o candidato em quem votará seja contra o aborto:
“Proteger a vida do nascituro no útero deve ser um dos principais fatores motivadores para qualquer cristão sério”, introduziu, mencionando no artigo publicado pelo portal Standing For Freedom a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos que aboliu o precedente jurídico que permitia procedimentos de aborto no país.
“Qual político, cristão ou não, será um aliado da comunidade pró-vida? Essa é a pergunta que devemos fazer. Aqueles que são hostis à comunidade pró-vida tornarão isso óbvio”, afirmou, apontando que os abortistas defendem essa proposta de forma franca em suas campanhas.
Liberdade religiosa
O segundo tema elencado pelo escritor foi a liberdade religiosa, argumentando que de nada adianta esse conceito na legislação “se você não pode exercê-la em um lugar público”.
“O técnico Joe Kennedy, se você se lembra, foi demitido por […] liderar uma oração voluntária no campo após cada jogo. O distrito [escolar] argumentou ridiculamente que essa oração voluntária, da qual os jogadores de ambas as equipes participaram, era um estabelecimento de fato da religião pela escola. Não era. Era um cidadão americano exercendo seu direito dado por Deus de louvar seu Criador livre da interferência do governo”, contextualizou Jason Mattera.
No caso mencionado, o treinador buscou a Justiça e, após uma longa batalha que durou anos, ele foi ouvido pela Suprema Corte e saiu vitorioso. Diante do exposto, o escritor sugere que o voto seja direcionado ao candidato que se apresentar como um defensor rigoroso da liberdade religiosa e de expressão:
“Essa questão é ainda mais importante de se resolver depois que testemunhamos governadores megalomaníacos e autoridades locais explorarem a pandemia de coronavírus para fechar igrejas e limitar a capacidade de atendimento por quase um ano, mesmo quando permitiram que clínicas de aborto e lojas de maconha permanecessem abertas e acessíveis”, ponderou.
A educação é outro tema importante, pois lutar pelo direito ao ensino familiar, ou “homescholing”, é a preservação da autonomia dos pais sobre os filhos. Segundo ele, qualquer proposta “que ajude os cristãos a remover seus filhos do sistema escolar público é uma vitória”.
“As escolas governamentais não são locais de educação neutra em valores. Elas são templos de adoração ao humanismo, onde uma visão de mundo secular está no centro do que é ensinado. Se essa agenda já não era evidente, a […] ideologia de gênero radical apresentada em sala de aula não deve deixar dúvidas”, alertou.
Separação de poderes
Por fim, Jason Mattera enfatiza que “o governo civil não é a única forma de governo, biblicamente falando”, visto que a Bíblia reconhece essa juntamente com outras: “Deus também instituiu o autogoverno (Provérbios 16:32), o governo familiar (Gênesis 2:23-24) e o governo da igreja (1 Timóteo 3:1-15), juntamente com o governo civil (Romanos 13:1-6)”.
“Ao longo das Escrituras, Deus coloca diferentes ênfases e atribui diferentes papéis a cada uma dessas jurisdições. Sob esse desígnio, a tirania é evitada porque o poder não é centralizado em nenhuma forma de governo; é descentralizado, ou deveria ser de qualquer maneira. Esse é o caminho para a liberdade”.