As eleições municipais estão obrigando os candidatos a prefeito de São Paulo a buscarem uma aproximação com os eleitores evangélicos, que em geral formam 30% do total apto a decidir nas urnas.
Os dois mais próximos do segmento são o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos), que tem proximidade com a Igreja Universal do Reino de Deus e vem sendo apelidado pela imprensa como “candidato do Bolsonaro”; e Andrea Matarazzo (PSD), católico que tem como vice a deputada Marta Costa (PSD), filha do pastor José Wellington Bezerra da Costa, da Assembleia de Deus Ministério Belém.
A relação que o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), tem com o eleitorado evangélico se dá, principalmente, através do vereador Eduardo Tuma (PSDB), que preside a Câmara Municipal da capital paulista e é membro da Bola de Neve Church.
“O Bruno Covas tem a maior base de vereadores evangélicos que algum prefeito já teve. Com a maior base propondo projetos e ele sancionando isso mostra que ele tem um diálogo muito próximo com o público evangélico”, diz Tuma, referindo-se aos oito vereadores da bancada evangélica na cidade que apoiam o prefeito.
“No protestantismo tem ramificação clara. O Russomanno tem ligação, em virtude do partido, com a Igreja Universal, uma denominação. O Bruno não tem ligação com a Universal, mas tem com as outras denominações”, acrescentou Tuma.
Bruno Covas, que se trata contra um câncer no trato digestivo, vem se aproximando do público evangélico e chegou a participar da Marcha para Jesus em 2019, onde recebeu vaia de parte dos fiéis.
De acordo com informações da Folhapress, a equipe de Russomanno aposta na associação com Bolsonaro para que os eleitores conservadores em geral, incluindo evangélicos, se sintam-se representados com sua candidatura. O deputado, no entanto, não costuma abordar o tema religioso em suas campanhas nas diferentes eleições já disputadas.
Já Andrea Matarazzo espera que a aliança com Marta Costa funcione para atrair o eleitorado desse segmento. “Eu sou muito conservadora por conta da minha criação e da minha fé. E o Andrea, a gente tem muita coisa em comum, em relação a isso, em favor da vida, da família. O importante é ele ser cristão. Não há choque, porque as pessoas que creem em Deus têm mais ou menos uma visão parecida”, avaliou a deputada estadual.
“O povo evangélico não vive numa bolha, a nossa vida é normal como qualquer um outro. São pessoas que têm necessidades de qualquer outra família, e acreditando naquilo que a gente também acredita, na família tradicional. Somos contra o aborto, isso é muito importante para nós”, acrescentou a candidata a vice-prefeita, que ocupou manchetes recentemente por um projeto que pretende proteger crianças de publicidade LGBT.
No âmbito da esquerda, os candidatos já sabem que há muita rejeição à ideologia dos partidos, em especial entre pentecostais e neopentecostais. Mesmo assim, Guilherme Boulos (PSOL) quer reunir 50 lideranças religiosas em um evento no próximo sábado, 03 de outubro. “É preconceito achar que todo evangélico pensa como o Silas Malafaia, cuja visão fundamentalista é minoritária”, afirmou Josué Rocha, coordenador da campanha.
As pesquisas indicam que Russomanno, no momento, está na frente da disputa, com 29% das intenções de voto, segundo o Datafolha. O prefeito Bruno Covas tem 20%. Entre os eleitores evangélicos, o candidato ligado à Universal tem 37% das preferências nestas eleições, contra 19% do candidato à reeleição.