O empresário que denunciou o suposto esquema de tráfico de influência no Ministério da Educação que resultou na demissão do pastor Milton Ribeiro, e posteriormente, em sua prisão, concedeu entrevista e afirmou que o ex-titular da pasta ordenou uma investigação assim que soube das acusações.
José Edvaldo Brito disse em entrevista que procurou Milton Ribeiro, em 2021, para relatar as abordagens feitas pelo pastor Arilton Moura, que se apresentava como intermediador entre o MEC e prefeituras, e teria feito propostas ilegais ao empresário.
“Quando eu entro no gabinete do ministro, está Marcelo Ponte, presidente do FNDE, está o ministro, está Victor Godoy, o ministro atual, e um representante – eu acho – da CGU”, introduziu Brito na entrevista concedida à Jovem Pan News.
“Como somos caipira do interior, a gente é desconfiado e medroso em cometer uma injustiça. Quando eu cheguei, eu falei ‘ministro, eu vim aqui como cristão, e o senhor, não como ministro, como pastor, eu vou fazer o que os padres fazem, eu faço uma confissão aqui no seu confessionário, o padre não conta, então o senhor analisa’. E ele me disse o seguinte: ‘Brito, se o tema for Arilton Moura, todo esse pessoal aqui precisa ouvir, preciso que eles estejam ouvindo’. Falei ‘então tá bom’”, acrescentou o empresário.
Brito contou que a reação de Milton Ribeiro foi imediata em desaprovação à articulação que ele havia denunciado: “E aí, eu relato ao ministro o que aconteceu […] e o ministro leva as mãos à cabeça e diz ‘É grave, é sério isso, e eu quero tomar providências agora. O senhor aceita prestar depoimento à CGU? Eu vou abrir um procedimento imediatamente, vou fazer um comunicado para que a CGU abra um procedimento imediato’. Falei ‘ministro, conte comigo, eu vou depor, com certeza’”.
“O ministro pediu para instalar o procedimento e eu fui embora. Dali a uns dias, não sei precisar ao certo, eles me ligam, me mandam e-mail, mandam um link e eu presto o primeiro depoimento ainda no mês de setembro ou início de outubro, salvo engano. Só que nesse primeiro depoimento, eu falei mas naquele momento ninguém me pediu os documentos. Acho que eu também não me propus naquele momento. Deixei desenrolar”, contextualizou.
Segundo o empresário, os documentos que ajudam a comprovar suas denúncias foram enviados à Controladoria-Geral da União dentro da investigação solicitada pelo próprio Milton Ribeiro:
“Num segundo momento, já esse ano, novamente eu presto outro depoimento, e a CGU pede se eu apresentaria, se eu tinha nota. Como um empresário amigo meu que doou, imediatamente nossas doações foram declaradas em Imposto de Renda, que a gente faz sempre, houve a declaração no Imposto de Renda, e as notas das passagens, como foi comprada, foi doação, eu tirei no meu nome, guardei a nota e passei por email para a CGU”, encerrou.
O pastor Milton Ribeiro, que chegou a ser preso preventivamente e conseguiu a revogação da medida na Justiça, recebeu manifestação de apoio da Igreja Presbiteriana do Brasil, que através de nota ter “plena certeza e esperança de que as provas do processo se apresentarão, na devida instância, favoráveis à inocência” do ex-ministro.