As igrejas precisam ter uma prática cristã, não basta organizarem mutirões de oração, disse o antropólogo e pastor presbiteriano André Melo, no encontro da Rede Evangélica Nacional de Ação Social (Renas-Rio) e do Instituto de Estudos da Religião (Iser), em comemoração aos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
No encontro, os 50 participantes debateram as similaridades encontradas nos mais de 30 artigos dos Direitos Humanos e os Dez Mandamentos. “Eu até concordo que na Bíblia não encontraremos diretamente o termo ‘Direitos Humanos’, mas iremos encontrar princípios que dão base aos direitos humanos, como solidariedade, respeito, igualdade, entre outros”, disse o pastor.
Ele lembrou que os profetas do Antigo Testamento foram até mais longe, uma vez que “dizem para denunciar toda e qualquer forma de opressão”. O encontro reuniu, na terça-feira, 9 de dezembro, militantes e religiosos no prédio centenário do Instituto Central do Povo (ICP), localizado na região central do Rio de Janeiro, sob o tema “Direitos Humanos e a Missão da Igreja”.
Questões centrais para a defesa da dignidade, a promoção da justiça e a garantia da liberdade plena são fortemente tratados e ratificados tanto na Declaração Universal quanto nos Dez Mandamentos, afirmou o moderador do encontro, Clemir Fernandes.
O grande objetivo da Declaração Universal, recordou o pastor André Melo, é reafirmar atitudes que deveriam ser praticadas de maneira espontânea, tais como o respeito e o direito à vida dos homens.
“Eu preferia que a Declaração não existisse, pois se há um papel pontuando o que precisa ser feito ou não, significa que as coisas não vêm sendo feitas naturalmente”, analisou.
Frente à realidade nacional brasileira, marcada por um histórico de desrespeito aos direitos humanos, pontuou o secretário executivo do ISER, Pedro Strozemberg, a Declaração Universal “alimenta nossa esperança e utopia de viver numa sociedade capaz de garantir um lar digno, trabalho, segurança e saúde”. O secretário do ISER frisou que cabe à sociedade respeitar as diferenças.
No encontro do Rio de Janeiro, jovens universitários recordaram o trabalho de personalidades que se destacaram na luta pelo respeito à vida, dentre eles Herbert de Souza, dom Hélder Câmara, reverendo Jaime Wright, padre Darci Dusilek e a missionária Dorothy Stang.
Fonte: ALC