Ernesto Araújo, titular das Relações Exteriores, vem sofrendo grande pressão do grupo de deputados federais que forma o “centrão”. Em resposta, o ministro usou as redes sociais para compartilhar a passagem bíblica de I Coríntios 13:6-13.
Desde que tomou posse, Bolsonaro vem alinhando o Brasil internacionalmente a governos conservadores mundo afora, além de se aproximar de Israel, país preterido nos 13 anos de governos petistas. Todo esse movimento foi coordenado justamente pelo ministro das Relações Exteriores.
Araújo, como titular do Palácio do Itamaraty, reaproximou o Brasil dos EUA, se opôs ao aborto e à ideologia de gênero na ONU, alinhou parceria com a Hungria para defender cristãos perseguidos mundo afora e defendeu a liberdade de expressão falando contra a censura promovida por “big techs”.
Entretanto, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), vem pressionando o presidente Bolsonaro para demitir Ernesto Araújo, por conta de uma suposta crise diplomática entre o Brasil e a China.
“Pandemia é vacinar, sim, acima de tudo. Mas para vacinar temos de ter boas relações diplomáticas, sobretudo com a China, nosso maior parceiro comercial e um dos maiores fabricantes de insumos e imunizantes do planeta. Para vacinar, temos de ter uma percepção correta de nossos parceiros norte-americanos e nossos esforços na área do meio ambiente precisam ser reconhecidos, assim como nossa interlocução”, afirmou Lira em um discurso na última quarta-feira, 24 de março.
A pressão vem ganhando força depois que Bolsonaro aceitou trocar o comando do Ministério da Saúde, tirando o general Eduardo Pazuello para colocar no lugar o médico cardiologista Marcelo Queiroga. Entretanto, o presidente já deu o recado, segundo informações do portal Poder 360: “Não me peçam para trocar o Ernesto”.
‘Injustiça’
A esposa do ministro Ernesto Araújo, Maria Eduarda de Seixas Corrêa, comentou a situação do marido no Twitter: “Estão tentando transformar meu marido em bode expiatório da República. Patético. Aguenta firme, meu amor”, escreveu ela, inserindo a hashtag “Ninguém mexe com Ernesto”.
Em resposta, o ministro mencionou a famosa passagem bíblica da carta do apóstolo Paulo: “O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta… Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor. (1 Coríntios 13:6-13)”.
Conservador, Ernesto Araújo é a voz que restou no governo da ala de apoiadores ligada ao filósofo Olavo de Carvalho, e também um dos representantes católicos na Esplanada dos Ministérios, visto que o segmento evangélico conta com os ministros Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), Milton Ribeiro (Educação), André Mendonça (Justiça e Segurança Pública), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Onyx Lorenzoni (Cidadania).
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta…
Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.(1 Coríntios 13:6-13)
— Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) March 25, 2021