A embaixadora dos EUA na ONU recentemente confirmada pelo presidente Joe Biden, Linda Thomas-Greenfield, deu indícios de que não usará sua força diplomática para defender os cristãos perseguidos mundo afora.
A avaliação que vem sendo feita por grupos que monitoram a situação da Igreja Perseguida é que os comentários recentes da embaixadora Linda Thomas-Greenfield (observada por Biden na foto) indicam perspectivas sombrias.
Na comemoração da Assembleia Geral da ONU do Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, ela repreendeu a China e Mianmar por cometer genocídio contra suas minorias muçulmanas e, em seguida, voltou-se para a questão do racismo nos EUA.
Depois de uma longa introdução sobre o “pecado original” da escravidão, ela falou sobre “os assassinatos sem sentido de George Floyd, Breonna Taylor e tantos outros negros americanos que acenderam […] um movimento que se espalhou pelo mundo: Black Lives Matter“.
Linda acrescentou ainda outro bordão progressista a seu discurso, dizendo que é preciso “desmantelar a supremacia branca a cada passo”.
A perseguição aos cristãos no Oriente Médio e sua matança em massa em países da África estavam visivelmente ausentes em seus comentários, assim como a situação de restrição severa enfrentada pelos cristãos na China.
Princípios dos EUA
Promover a liberdade religiosa e, assim, prevenir a perseguição de grupos religiosos minoritários no exterior tornou-se uma parte fundamental da política externa dos EUA por meio da Lei de Liberdade Religiosa Internacional, promulgada em lei em 1998.
A colunista do portal The Christian Post, Hedieh Mirahmadi, publicou um artigo em que avalia a situação e lembra que a lei cria um Embaixador Geral para a Liberdade Religiosa Internacional, juntamente com uma Comissão independente e bipartidária dos EUA sobre Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF), que monitora a liberdade de religião e crença no exterior e faz recomendações de políticas ao presidente, secretário de Estado e Congresso.
“Tendo trabalhado nos círculos políticos da capital dos EUA desde o início da Comissão em 1998, participei de muitas mesas-redondas sobre liberdade religiosa em países de maioria muçulmana, escrevi relatórios de pesquisa sobre as várias causas do problema e viajei em nome do Departamento de Estado dos EUA para discutir essas questões com as comunidades locais”, comentou a colunista.
Ex-muçulmana, Hedieh Mirahmadi conheceu o Evangelho e se entregou a Jesus Cristo. Agora, com todo seu conhecimento a respeito do cenário de liberdade religiosa no mundo, se dedica a um ministério evangelístico e a um podcast de devocional diário.
“Ironicamente, o foco da política dos EUA geralmente era nos direitos dos radicais islâmicos de praticar livremente suas crenças religiosas, em vez de expandir a proteção aos cristãos. Embora eu fosse muçulmana nessa época, fiquei profundamente preocupada com isso, porque significava que os extremistas islâmicos ganhariam destaque, o que teve o resultado previsível de aumentar o terrorismo”, recapitulou Mirahmadi.
Progressismo na agenda
A tendência de que os cristãos não recebam atenção do governo é uma característica do Partido Democrata, já que sob o governo Obama, “todo o campo da liberdade religiosa ficou em segundo plano nas questões LGBTQ e o cargo de embaixador-geral permaneceu vago por mais de dois anos”, pontuou a colunista.
“A então subsecretária para a África, embaixadora Linda Thomas-Greenfield, até defendeu a redução do financiamento para agências em Uganda e Nigéria que discriminavam a comunidade LGBTQ”, acrescentou.
“Uma mudança notável ocorreu durante a administração Trump. O ex-secretário de Estado Mike Pompeo elevou o Escritório de Liberdade Religiosa Internacional a se reportar diretamente ao Subsecretário de Segurança Civil, Democracia e Direitos Humanos e o Embaixador geral se reportaria diretamente ao Secretário de Estado.
Durante os anos Trump, “os comissários testemunharam repetidamente perante o Congresso sobre a situação dos cristãos em toda a África e no Oriente Médio e defenderam políticas mais rígidas para essas nações”, relembrou Hedieh Mirahmadi.
Por fim, ela constatou que a nova postura dos EUA pode fazer o cenário de perseguição religiosa piorar nos locais onde cristãos são minoria: “As vidas dessas pessoas correm sério perigo. Mais de 340 milhões de cristãos enfrentam altos níveis de perseguição e discriminação, enquanto o número de cristãos mortos por sua fé aumentou mais de 60% desde o ano passado. Além disso, se o primeiro discurso oficial de Thomas-Greenfield é um termômetro do que está por vir, a perseguição cristã pode atingir nossas próprias costas”, lamentou.