Uma iniciativa que tenta conciliar uma tradição cultural com as convicções de fé de parte da sociedade levou uma escola a mudar o nome das festas juninas para “festa da colheita”, e assim, atrair os alunos evangélicos.
A ideia surgiu depois que os organizadores da festa no Instituto Educap, de Campo Grande (MS), notaram uma diminuição do número de alunos participantes por causa do temor dos pais de que seus filhos fossem doutrinados nas tradições católicas.
Para contornar o impasse, os professores resolveram excluir as referências da tradição católica na festa, e mudar seu nome: “Percebemos que nossa festa estava no automático. Só reproduzir a festa não vale a pena se não for algo bem reflexivo. Por isso, fizemos um resgate da colheita, da questão da alimentação na vida das pessoas. A festa da colheita tem o objetivo de celebrar os alimentos”, disse Celia Tavares Rino, diretora pedagógica do Instituto Educap, ao portal Uol.
O estado do Mato Grosso do Sul tem como grande carro-chefe da economia local a agricultura. Nos dias que antecedem a festa, os professores promovem debates com os alunos com questões ligadas à alimentação.
Este ano o tema do debate entre os alunos do Ensino Fundamental I foi a farinha, enquanto no nono ano (Ensino Fundamental II) os estudantes discutiram questões ligadas ao meio rural e suas dificuldades.
“Tudo o que nós vamos fazer parte de um currículo vivo. A festa pela festa não tem sentido. Tem sentido sim se você faz um resgate histórico e cultural. Mostrar, por exemplo, que a cultura do campo é diferente da cultura urbana”, explicou a diretora.
A festa, no entanto, preserva características social da celebração de origem católica, como fartura de comidas, decoração rural e espaço para danças e brincadeiras. “Desconstruímos a festa e agora as crianças evangélicas participam. O foco no alimento fez um leque maior se abrir”, concluiu.