A proposta da ministra Damares Alves de incluir o aconselhamento sobre a abstinência sexual como uma das opções de prevenção à gravidez precoce e transmissão de DSTs junto ao uso de preservativos e outros meios contraceptivos despertou enorme polêmica.
Dentre aqueles com opiniões contrárias, há inclusive integrantes do meio evangélico. No entanto, há quem seja do segmento e que tenha manifestado apoio à iniciativa.
O fundador do movimento Eu Escolhi Esperar, pastor Nelson Junior, 43 anos, é um dos que mais incentiva a abstinência sexual fora do casamento, e hoje até mesmo católicos e muçulmanos dão audiência a suas páginas nas redes sociais.
Numa entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Nelson Junior defendeu a abstinência sexual como opção de vida, mas também pontuou a necessidade de abrir espaço para a “pluralidade de ideias” e também a iniciativa de “abrir uma linha de diálogo” com quem pensa diferente.
“Não queremos convencer o adolescente a mudar de ideia”, declarou Jr. “Se o governo estivesse se propondo a ensinar somente abstinência sexual, eu seria o primeiro a não concordar”, acrescentou, destacando um fato ignorado pelos críticos em suas manifestações, já que a proposta do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos é mais ampla.
”Somos a favor da educação sexual abrangente, ampliada e integral. Estamos abraçando o tema social para que se possa incluir, e apenas incluir, a abstinência sexual dentro da educação sexual”, reiterou.
Em contraponto aos especialistas, Nelson Junior diz que “não é verdade” que todos os adolescentes transam, e que há preconceito da parte dos críticos ao definir a proposta como “retrocesso”: “Há precipitação de alguns especialistas ao emitir opinião sobre o tema. […] Vamos conversar sobre dados, sobre o que a ciência fala a respeito, sobre a Constituição, sobre a importância do Estado laico. Todas essas objeções são válidas, porém precisam ser avaliadas dentro do contexto de conhecer também o outro lado”.
Críticas à abstinência
Nas redes sociais, a ministra vem rebatendo as críticas feitas à sua proposta, e usou reportagens de veículos diversos para mostrar que sua iniciativa não é inédita, e segue, na verdade, outros projetos e pesquisas.
No Facebook, Damares Alves se valeu de sarcasmo ao compartilhar uma matéria do G1, publicada em 2012, sobre um estudo que dizia que “perder a virgindade tarde pode ajudar a ter bons relacionamentos”.
“Calma, você não está sonhando. A Globo não está concordando comigo. A matéria é do ano de 2012. Naquele ano e em outros anos a imprensa, até o Grupo Globo, aceitavam que falar em adiar o início da relação sexual era uma boa iniciativa. Mas este ano, como foi eu quem puxei o debate sobre o tema, muitos veículos de comunicação estão falando que isto é uma loucura, é uma maluquice e que eu quero é impor uma conduta e uma moral religiosa. Até onde vai tanta hipocrisia?”, questionou.
Em outra publicação na mesma rede social, a ministra compartilhou matéria do portal Bahia No Ar com a seguinte manchete: “Modelo de abstinência sexual, defendido por Damares, é realidade no Chile”. Para Damares Alves, essa é mais um argumento contra seus críticos: “E os ‘ólogos’, os ‘especialistas’ de plantão, em coro com a esquerda dizendo por aí que é tudo invenção minha e que sou louca!”, desabafou.