A radicalização do discurso do movimento LGBT é uma das propostas de um travesti que milita nessa área e acredita que essa mudança se faz necessária para que o objetivo de destruir a família enquanto conceito seja alcançado. As declarações foram feitas por Vitor Zaparoli Borgheresi durante um evento ligado à ideologia de esquerda.
Durante o evento “Democracia em Colapso?”, o travesti – que usa o nome social de Amanda Palha – declara que o movimento LGBT precisa parar de fingir que não se opõe às famílias tradicionais e admitir que seu foco é a destruição desse modelo.
“Na minha concepção, não existe forma revolucionária de fazer família. Por quê? […] Quando dizem para a gente ‘o movimento LGBT quer acabar com a família, é um movimento promíscuo que defende o sexo desregrado’, a gente entrou numa lombra (sic) dos [anos] 90 para cá de se colocar numa posição defensiva de dizer ‘não, não, a gente não quer destruir a família nenhuma, não’, ‘a gente só quer amar’, ou ‘não, não, a gente não tem nada a ver com promiscuidade, não, a gente até casa, tem filhos, constitui família’, e isso é de um retrocesso político violento”, declarou.
Para Borgheresi, não admitir o objetivo real do movimento “violenta inclusive a história de constituição do movimento LGBT na América Latina, dos ganhos e lutas feministas na América Latina”.
“Então, cabe a radicalização nossa, também, de afirmar com todas as letras o que é uma estratégia política crítica anti sistêmica: ‘Ah, porque vocês querem destruir a família’. Sim.”, afirmou o militante LGBT.
Alertas
O nível de militância de Vitor Zaparoli Borgheresi é altíssimo, com atuação nas universidades, produção de manifestos políticos comunistas, como o Marxismo e Lutas LGBT, publicado na edição 33 da revista Margem Esquerda, e até candidatura a deputado federal em 2018 pelo PCB.
Para o travesti, é hora do movimento LGBT assumir o que os conservadores alertam sobre sua atuação: “Se a gente não é capaz de perceber isso, a direita faz questão de corrigir nossa burrice, porque eles falam isso para a gente. Se a gente quer ser ameaça, está todo o caminho traçado, é ali que a gente tem que mexer e é ali que a gente vai mexer”, acrescentou.
No Twitter, o pastor Silas Malafaia publicou trechos do discurso e fez observações: “Fui criticado, esculhambado, escorraçado por denunciar a verdade. E agora? Onde estão os meus acusadores?”, questionou.
A referência do travesti sobre os alertas feitos pelo conservadorismo se referem não apenas às manifestações como as do pastor Silas Malafaia, mas também de lideranças como o procurador Guilherme Schelb, uma das vozes de combate a temas como a ideologia de gênero.
Em 2015, em entrevista ao programa Família & Cia, Schelb declarou que o governo da época, liderado por Dilma Rousseff (PT), havia aberto espaço para discussão de temas como “o direito ao prazer sexual das crianças”, com foco na destruição do modelo familiar.
“O que eles querem é exatamente esta ruptura entre o sexo biológico das crianças e o seu comportamento sexual. Isto faz parte, não somente do Partido dos Trabalhadores, mas também de uma lógica marxista socialista cultural”, destacou.