A polêmica em torno das adoções homoparentais voltou à tona por conta de declarações do escritor e cineasta francês Jean Pier Delaume-Myard, que se posicionou de forma contundente contra à formação de famílias em que casais homossexuais adotam crianças.
Jean Pier é porta-voz da La Manif Pour Tous, uma entidade francesa conservadora, que defende o casamento como instituição exclusivamente heterossexual. Homossexual assumido, o escritor e cineasta considera errada a união entre pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por casais gays.
“As crianças devem ter uma mãe mulher e um pai homem. Qualquer outra opção é uma discriminação. E digo isso como homossexual”, afirmou Jean Pier, em entrevista ao jornal italiano Avenire.
Em sua argumentação, o escritor afirma que o ativismo gay na Europa, assim como no Brasil, tem mais interesse político do que social: “Gostaria de dizer antes de tudo que os lobbies gay não representam todos os homossexuais. No debate sobre a inserção da homogenitoralidade no sistema jurídico italiano, os homossexuais foram passados para trás. Não foram considerados na sua diversidade intelectual, espiritual e política, mas reduzidos a uma prática sexual que implica necessariamente certas exigências, como a união civil e a necessidade de ter filhos”, pontuou.
Católico, Jean Pier apontou o fato de que os ativistas gays, irritados com sua postura, o rotularam como preconceituoso, não aceitando sua opinião diferente: “Homossexual e homofóbico. É o cúmulo. E ainda assim é disso que me acusa a comunidade gay. São os mesmos que dizem que ‘La Manif Pour Tous’ na França é um movimento homofóbico. Mas gostaria de dizer que nem na Itália nem na França sofri a mínima hostilidade por causa de minha orientação sexual”.
Na visão do escritor, quando o pensamento e as ações sociais são formados a partir de uma opção sexual, há uma diminuição do papel intelectual de cada cidadão: “Eu aceitei ser porta-voz de ‘La Manif Pour Tous’ não como homossexual, porque isso é secundário, mas como cidadão. Isso porque não é a nossa sexualidade que orienta o nosso pensamento. Aqueles que pensam assim – é preciso dizer com clareza – são autênticos homofóbicos. É por isso que, ao meu ver, não é ilógico ser homossexual e defender a família”, argumentou.
“Toda criança precisa prioritariamente de um pai e de uma mãe para crescer. Há uma autêntica diferença entre ter dois ‘pais’ ou duas ‘mães’ e ter pais heterossexuais. A verdadeira paridade encontra a sua única fonte no casal que gera. Somente ali ela é incontestável. Pretender eliminá-la é negar a realidade. Todos devemos a vida à paridade homem-mulher”, destacou. “É verdade que um casal homossexual pode trazer a uma criança tanta felicidade quanto um casal heterossexual. Mas não é só isso que conta. Uma criança deve ser capaz de se identificar com os componentes masculinos e femininos de seus pais. Do ponto de vista psicológico, uma menina pode entender que dois homens, que não querem ter uma mulher, possam ao mesmo tempo querer uma menina como filha? O mesmo para um menino diante de duas mulheres que pretendem se passar por suas mães”, concluiu.