Uma suposta negociação entre dois pastores para a venda de uma igreja foi denunciada por fiéis à Polícia Civil, que indiciou os líderes religiosos por estelionato.
O caso foi registrado em Goiânia, envolvendo as igrejas Batista da Vila União e Luz Para os Povos. O pastor da primeira, Valtuir Martins Ferreira, teria vendido a denominação para o líder da segunda, bispo Gilmar Martins.
Segundo informações do portal G1, a investigação começou em março deste ano após denúncia dos próprios fiéis, e o delegado responsável pelo caso, Isaías Pinheiro, informou que os dois líderes fraudaram uma assembleia para autorizar a comercialização do imóvel com todo o mobiliário incluso, alegando que a operação oficializava uma fusão das duas denominações.
Os fiéis afirmam que ajudaram na compra de vários itens, como aparelhos de som e bancos. Os envolvidos negam o crime, mas o delegado afirma que Ferreira e Martins dissimularam a venda como uma fusão, em 2013.
“Houve o golpe, o estelionato. O pastor vendeu a igreja de ‘porteira fechada’, inclusive com os fiéis. Ele fez uma reunião e os induziu ao erro, dizendo que não estava vendendo a igreja alegando que haveria apenas uma união entre os dois templos”, explica Pinheiro.
O caso “inusitado” levou o delegado a crer que os dois líderes religiosos agiram em conluio, pois o imóvel, com tudo que havia dentro, é avaliado em cerca de R$ 400 mil, mas a venda foi concretizada por apenas R$ 80 mil.
A descoberta do caso só foi possível após a denúncia da aposentada Maria de Jesus Dias de Araújo, de 70 anos. Como a igreja estava fechada desde a operação entre os dois pastores, a fiel resolveu procurar a Polícia.
“Eu me batizei nesta igreja em 1978, era uma igreja tradicional. Aí veio esse pastor e acabou com tudo. Ele disse que era uma união e todos assinaram o documento na assembleia, mas era a venda para outro pastor”, disse Maria de Jesus.
Muitos dos 300 fiéis que formavam a membresia da Igreja Batista da Vila União ajudaram financeiramente na montagem do templo. Agora, Maria de Jesus lidera o grupo de membros que quer a devolução do que foi vendido ilegalmente: “Queremos que ele devolva a igreja com tudo, os bancos, a cozinha completa, o púlpito. Minha irmã mesmo usou todo o dinheiro que recebeu de umas férias para comprar o aparelho de som”, declarou a idosa, revoltada.
Os dois envolvidos foram entrevistados pela TV Anhanguera, afiliada da TV Globo em Goiás, e negaram as acusações. O pastor Ferreira afirmou que assumiu a congregação batista em 1997 e em 2001 participou de uma assembleia que decidiu pela fusão com a Igreja Luz Para os Povos, com a formalização sendo concluída apenas em 2013, acrescentando que não houve transação financeira.
Já Gilmar Martins declarou apenas que a fusão das duas denominações “foi feita conforme o que está previsto em lei”.